uma tal feijuca

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Poucas coisas me deixam louca da vida, uma delas é perceber que estão tentando te explorar e passar a perna.
Recebemos um convite para uma feijoada comemorativa do sete de setembro, num restaurante jamaicano em Sacramento. Um grupo de brasileiros estava organizando e nós fomos lá pra ver como era.
Combinamos de encontrar a Clau e o Julianno lá. Eu e o Ursão chegamos e estava tudo meio bagunçado. Perguntamos na porta pra uma senhora vestida de baiana onde era a feijoada, porque eles também estavam vendendo ingressos para um show de uma cantora brasileira que mora em San Francisco. Nós não queríamos ver o show, só queriamos comer a tal feijuca. A mulher nos indicou os fundos do restaurante. Nós ficamos que nem cegos perdidos em tiroteio, sem saber o que fazer ou pra onde ir. Paramos em frente ao bar, onde um jamaicano nos perguntou o que queríamos beber. Nos falamos que estávamos ali somente para a feijoada. Ele riu e disse ‘todo mundo está aqui por causa dessa tal feijoada!’. E nos indicou a saída dos fundos do restaurante, que dava para um quintal, onde a muvuca da feijuca estava acontecendo. A cara do Ursão estava dando medo!! Ele não estava nada contente… Eu fiquei tentando ser positiva, falando ‘nossa, mas a comida está cheirando gostoso, hein?’ e ainda apontei um cara que é professor da UCDavis também e uma outra conhecida brasileira que estavam lá. Ficamos na fila para pegar nosso pratinho de papel recheado com uma porção de arroz, feijoada, farofa, couve e laranja. O quintalzinho era meio escuro com velas em mesinhas de metal apinhadas por todo canto. E estava cheio de gente. Eu checando a porta, pra ver se a Clau e o Julianno acertavam atravessar o labirinto e chegar no tal quintal, quando vi os dois na porta, a Clau argumentando com a mulher vestida de baiana. Eu fui lá avisar que já estávamos na fila, e ouvi a mulher dizendo que tínhamos que pagar $8 para entrar [além de pagar pela feijoada]. Eu fiquei chocada! Falei como que ela tinha dito antes que era só entrar. Ela disse que eu também iria ter que pagar os oito mangos, que era não sei quem que tinha decidido aquilo, que não era decisão dela [tirando rápidamente o dela fora]. Eu fui chamar o Ursão e disse ‘VAMOS EMBORA!’. Passei pela baiana e disse que não íamos ficar. Eles perderam seis clientes. Ela ainda disse algo, como ‘tenham uma boa noite’ mas nós já estávamos na calçada, putos da cara , indo jantar no Tower Cafe.
Ficamos matutando o por quê deles terem resolvido de uma hora pra outra cobrar oito dólares pras pessoas entrarem. Concluímos que foi porque a feijoada no quintalzinho estava ganhando todos os clientes e o tal show da cantora desconhecida estava às moscas. Eu achei o fim da picada. Seja lá qual for a explicação [porque eu vou reclamar pro cara que nos mandou o convite], eu já decidi que NUNCA mais vou em nenhuma festa ou comemoração organizada por essa turminha de Sacramento. Essa história me deixou muito, muito brava……

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