um magnetismo que cansa a beleza

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Como é de praxe, em toda loja que eu entro tem sempre uma criança berrando, fazendo escândalo, perdida, ou simplesmente aprontando todas pra tentar aplacar o tédio de passar horas dentro de um lugar sem atrativos, esperando a mãe encaroçar, escolher, provar, decidir, pagar. Hoje fui fazer umas compras e me deparei com as mesmas cenas de sempre. Só que desta vez, além das criaturas berrantes habituais, esbarrei numa cantante e noutra confrontante.
A criatura cantante tinha uns quatro anos e rebolava e repetia o refrão de um desses melôs de hip-hop com conteúdo sensual que tocava no sistema de som da loja—you can put the blame on me, you can put the blame on me. Eu olhei pra criança e ri, a mãe sorriu amarelo de volta.
A criatura confrontante estava acompanhada de várias irmãs mais velhas e tinha no máximo três anos. Falava sozinha e quando eu olhei—meu grave erro, ela já veio atrás de mim, falando umas coisas que eu não entendi bolhufas. Umas das irmãs lhe deu uma fubecada e me pediu desculpas. Eu achei engraçado, mas quando dei por mim, percebi a topetudinha atrás de mim, me confrontando. Continuei não entendendo patavinas do que a trubufinha falava, mas ouvi bem claro e alto as irmãs tentando remediar—we’re sorry, we’re sorry!

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O dia que [quase] não existiu
  • Quanto tempo FÊ que não aparecia por aqui. Lendo este post lembrei de minha neta de 1 ano, no domingo no shopping. Ela tagarela coisas que ninguém até hoje entende, mas que ela continua falando. Nada de carrinho, só queria ficar brincando com o novo brinquedo que comprei e mais nada. Fiquei descadeirada de levá-la no colo, para os pais tentarem escolher o meu presente do Dia da Criança. Nada feito. Voltamos quebrados para casa e ela sem dormir um momento se quer.

  • Cada vez que eu vou a uma loja e vejo uma criança que chora, berra, faz escandalos, etc., eu penso comigo mesmo: “agora eu entendo porque a minha mae nao levava eu e meus irmaos em lugar algum!

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o passado não condena