três pontos de reticência

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Estava fazendo algo que considero muito errado e que sempre critico quando vejo alguém fazendo, porque estava atrasada e queria poupar tempo. Estava pedalando a bicicleta em direção ao trabalho pela manhã e falando no celular, deixando um recado na secretária eletrônica da sogra do Gabe combinando os últimos detalhes do Thanksgiving. Cruzando uma four ways onde sempre tenho o maior cuidado porque os putos nos carros NÃO prestam atenção nas bicicletas, fui aproxegada por um desses distraídos condutores, que quase me pegou. Felizmente eu estava bem devagar e olhando para todos os lados, pressentindo que aquele carro não iria parar. E não parou. Então na secretária eletrônica da sogra do Gabe ficou gravada todo o desenrolar da patética cena, um grito, um esbaforão, o cara do carro abrindo a porta e perguntando se eu estava bem, eu bufando de raiva e quando voltei ao telefonema arrematei o mico com um laço dourado—ha ha ha, quase fui atropelada, também quem mandou pedalar a bicicleta e falar no celular, ha ha ha. Desliguei e logo em seguida religuei, para deixar outro recado e dizer que estava tudo bem, apesar da debiloidice. Só espero que eu não vire a piada da família com essa história.

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o passado não condena