dezessete

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Estreei minha idade nova em Napa, num dia agradável com minha família, incluindo cachorra. Na semana seguinte os incêndios. É tanta tragédia acontecendo, fora a desgraça de ter um monstro na presidência do país, que estou precisando controlar minha dose diária de ler notícias. Está um pouco demais. Os incêndios me baquearam de um jeito horrível, porque foi muito perto. Poderia ser a gente, a nossa casa, os nossos animais.

Estou escrevendo num bloquinho, com caneta. Não sei exatamente pra que, mas estou tentando registrar meus pensamentos, que são muitos, o tempo todo, como se eu estivesse vivendo agora um momento catártico. Acho que é isso mesmo. O passado já foi e quero viver o presente com mais qualidade. Não quero ser satélite nem espectador passivo na vida de ninguém.

Se meu filho tivesse um blog prolífico e bonito, um instagram cheio de fotos legais, uma presença criativa e interessante nas redes sociais, eu estaria lendo TUDO, vendo TUDO, aplaudindo, discretamente ou efusivamente, elogiando, sendo a maior fã. Eu nunca vou saber o que é isso. Ou melhor, já soube um pouco quando meu pai era vivo. Hoje voltei a ser invisível.

Ainda não sei como me posicionar com relação à muitas coisas. As pessoas são muito estranhas. Achei que tinha reconectado um laço muito especial e forte, agora já não sei mais de nada. A vida continua, com a gente bebendo vinho, viajando com amigos, indo ao cinema, colhendo maçãs, esperando ansiosamente pelas folhas douradas e pelos dias curtos e lindos que virão.

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o passado não condena