September 27, 2003

Thirteen

Uns dias depois de assistir Thirteen, o primeiro filme da diretora Catherine Hardwicke, eu estava numa loja de roupas quando vi ao meu lado uma menina de no máximo doze anos. Levei um susto, pois ela era a réplica real e chocante das meninas do filme. Boca pintada de batom vermelho, calça justíssima, blusinha decotada, cabelos longos e pose sensual. Elas existem sim. Podem não fazer parte da minha realidade, mas estão por aí, Lolitas do nosso decadente século vinte e um.

Thirteen é a história de Tracy [Evan Rachel Wood], uma menina de treze anos que tem uma vida normal num suburbio do sul da Califórnia. Ela freqüenta a sétima série do primário, tem um grupo de amiguinhas, faz baby sitter pros filhos das amigas da mãe, escreve poesias, tem a cama coberta de bichinhos de pelúcia e fotos de artistas colados na parede do quarto. Tudo aparentemente comum até Tracy cruzar com a menina mais popular da escola, Evie [Nikki Reed] e ficar fascinada por ela. Tracy quer ser aceita por Evie, quer ser como Evie e vai fazer o que precisar pra conseguir conquistar a nova amiga. Ela rouba uma carteira cheia de dinheiro e leva a menina para fazer compras numa das ruas mais caras e estilosas de Los Angeles. Esse é o ritual de passagem de Tracy, que depois disso começa a se vestir como Evie, agir e pensar como Evie. A mudança é radical e assustadora. De menina comum, ela se tranforma numa pequena prostituta. Usa drogas, adota uma atitude promíscua e enfrenta a família com agressividade e arrogância.

Acompanhar a mudança de Tracy é uma viagem aterrorizante. No filme, como na vida real, a reação da família é de incredulidade e paralisia. Evie praticamente passa a morar no quarto de Tracy. Ela mente, é manipuladora, mau caráter, vende drogas, rouba e Tracy entra no esquema da amiga sem piscar um olho.

Um dos grandes medos de quem tem filhos adolescentes é a pressão e a má influência dos amigos. No caso do filme, não teve mãe compreensiva [Holly Hunter numa atuação que muitos já estão comentando que pode valer um Oscar] , boazinha e amiga que pudesse evitar a catástrofe que iria acontecer na vida da filha.

Mas olhar para os lados nos páteos das escolas, corredores de shopping centers ou ali mesmo ao seu lado numa loja de roupas, e ver réplicas de Tracys e Evies, é o que torna o filme mais aterrorizante. Elas não são ficção.....

Fer Guimaraes Rosa - September 27, 2003 12:17 PM
comments

e eu moro no rio, fer. essas meninas é o que mais tem por aqui.



stella - September 29, 2003 02:48 PM

lí na veja sobre esse filme hoje mesmo, e lá dizia que essa história é baseada em uma das meninas do filme... - juro q vou ler de novo e escrevo direito aqui, pq não gosto quando alguém quer dar uma informação e não lembra direito, por isso fica dizendo "parece que", "acho q lí que..."
beijocas dear !



ana maria - September 29, 2003 08:26 AM

Fer,

Gostei bastante do seu review. Vou ver o filme esta semana. Assisti 2 nesse finde: Matchstick men e Lost in Translation. Eu estava eperando mais do Lost. mas valeu. Aposto que voce vai adorar o Matchstick Men por causa do lado psicologico do filme.



Marcelo - September 29, 2003 06:30 AM

Oi Fezoca!
Achei muito bacana seu blog.
E isto que escreveste sobre menina "prostitutas"....é real....parece que os pais hoje em dia não querem ter o compromisso de educar, cuidar dos filhos.....esperam que eles resolvam sozinhos....aqui no Brasil está uma locura....as roupas para meninas...são roupas provocativas...uma pena...fazer as menians acreditarem que só a qualidade sexual as tornará alguém????!!!!
Até as próximas



paula - September 28, 2003 01:24 PM

Ah, mas que dá raiva, isso dá!
Eu também sou dessas, Fezoca: trabalho sempre mais do que todo mundo... eu gosto, e faço as coisas por gosto. Mas uma ajudinha de vez em quando não faz mal não, né?! :)



garota urbana - September 28, 2003 12:30 PM

Nem me fale, Fer. Vc tocou no ponto exato.


Credo.



Enio - September 28, 2003 07:36 AM

Uau! Fezoca!
Mas isso é presente de Natal!
Este eu quero ver.
Vc não acha que tem uma semelhança lá pelo meio ou seja (neste, o foco parece ser justo o processo de transformaão e o vc o acompanha reagindo como a família) na assimilação de outro personalidade, com a Jennifer Jason Leigh em Mulher soltera procura.. e nesse processo é igualmente assustador o que ela faz com a personagem da Bridget Fonda!

Olha, vou dizer uma coisa, há muito tempo não me empolgo tanto com uma descrição soberba como esta, com a resenha de um filme!.
Quando passará aqui?

Um beijo estalando
Meg



Meg Lee - September 27, 2003 05:45 PM