Eu estava toda pimpona! Me senti de férias. Até tirei os enfeites de natal do storage room e tive uns momentos de a vida é bela. Mas essa alegria durou pouco. Fui buscar meu paper corrigido e voltei me arrastando pelo campus. Enquanto caminhava, a barra da minha calça jeans esbarrava no asfalto molhado e se empapava, minhas botas pesavam chumbo e de repente eu me senti gigante, atroz, tensa, carregada, as costas envergadas, a cabeça baixa. Me vi com orelhas enormes, dentes dinossauricos, olhos avermelhados, sobrancelhas peludas, narinas infladas, pêlos saltando pelos orificios das orelhas, verrugas inflamadas, olhar assombroso, uma figura mostruosa. Só conseguia pensar "sua... sua... burralda!" Tive que reescrever o paper. Não foi corrigir, foi reescrever, mudar tudo. Segurei a cabeça com as mãos espalmadas, me dobrei angustiada enquanto relia, "cadê a análise?", "o que é isso? você está listando itens para uma enciclopédia?". Mas o processo de aprendizagem tem que incluir situações de erros e de correção. Senão nem precisaríamos de escola, não é mesmo?
Fer Guimaraes Rosa - December 6, 2003 02:15 PMe depois quando vc começa a 'analisar demais'? Tudo vira um emaranhado de citações, referências, paradgimas e elocubrações... Belo resumo para a vida não? :-)
Fernanda,
sei exatamente o que é isso...
Estou fazendo mestardo e muitas vezes sinto meu chão ruir...é dose!
Adorei o que escrevestes....te conto que na minha banca de qualificação....meu projeto foi destruído....e o olhar para ele novamente levou um mês..irgh! Temos que pensar que tudo melhora...
Tenho certeza que você é capaz, pelo pouco que pude te conhecer pelo seu blog. Ânimo!
:O(
Mas na refeitura aposto que vai ficar excelente. É falta de prática né? Está voltando agora.
beijocas
Fer querida,
Não é nada saudável opor-se a sentimentos com os quais você acaba de tomar consciência, neste momento uma mente livre é um objetivo irreal e impossível de ser alcançado, quando negamos uma emoção destrutiva, corremos o risco de nos esconder, em vez de ficarmos livres. Não dá para negar os sintomas de uma perna quebrada, não é mesmo? É preciso tratar a causa sob o risco de que o mal se expanda.
Estás rumo à liberdade porque já identificastes o mal e desnudastes o pensamento que está produzindo a emoção, o que está por trás desta primeira "onda". Só falta substitui-lo por uma atividade mental mais natural, relaxante e prazerosa.
Que tal dar uma olhadinha no que acontecia no início de dez de 2002? Aniversário de sua mãe, homenagem com direito à foto, mas também o enfrentar a mudança e os anexos acumulados. Você fez tão bem, ainda compartilhando conosco sua experiência de ambientação felina...
Os acontecimentos passam, deixam seu aprendizado, um ano depois já perderam o seu lado trágico.
Solidária contigo nesta decepção, desejo que seja importante degrau . Um abraço carinhoso
Fer, na canção é um outro contexto, mas:
"A vida é uma escola
onde a gente precisa aprender
a ciência de viver prá não sofrer"
está valendo.
Gostava das fotos de você em San Francisco, sorrindo.
Um beijo.
Ps. Fotos no meu blog, dá uma oiadinha. :o)