Fomos à uma festa reggae ontem à noite. Eu e a Marília arrumadinhas, de bolsinha patricinha. O Uriel no estilo de urso usual dele. A festa era nos domes, que é uma comunidade hiponga dentro da UCDavis. É um lugar bem diferente, pois as casinhas são realmente domes, no formato de igloos. Todo mundo acha o lugar bizarro e já ouvi muitas histórias sobre os moradores - todos estudantes, que ficam em listas esperando por vagas para poderem morar lá - que dançam nus ao som de tambores e sob luz da lua. Não sei se essas histórias são verídicas, mas o ambiente lá é realmente bem alternativo. Eles comem orgânico [eu também, não seja por isso!], têm cabelo rastafari, se vestem hipongamente, têm todo o visual pra impressionar. E tocam tambores, fumam muita marijuana, criam galinhas, plantam legumes e secam tomates ao sol.
Estávamos destoando totalmente do ambiente, mas resolvemos curtir a festa assim mesmo. Quando chegamos às 10pm o som estava legal, produzido por um DJ com inúmeros elepês de vinil. Estava bem escuro, algumas árvores estavam decoradas com luzinhas e tinha uma fogueira no centro, com dezenas de garotas e rapazes sentados em volta. Eles tinham um palco montado, com imagens de shows de reggae pipocando em dois telões e membros rastafaris de uma banda se preparando para o show.
Conseguimos enxergar muita gente com garrafinhas de cerveja nas mãos e vimos um lugar que parecia uma venda de comida. Na realidade era um lugar onde você podia pegar comida, mas não dava mais pra ver o que era, nem se ainda tinha alguma coisa, nem se era pago ou de graça. Com uma nota de cinco na mão, fui com a Marília tentar comprar cerveja.
- oi, onde a gente compra cerveja aqui?
- aqui não vende cerveja...
- não?? e o que é isso que você está bebendo? [eu num momento audácia]
- ah, você tem que trazer a sua cerveja.
Tentamos mais à frente, dois rastafaris loiros sentados na frente de um dome. Fui entrando numa espécie de tenda, onde vi numa cena esfumaçada um monte de gente sentada, provavelmente fumando. Dei meia volta e perguntei pra um dos rastas:
- vocês vendem cerveja aqui?
- não....
[e olhando pra nota de cinco na minha mão]
- você tem uma 'pipe'?
- não....
Finalmente caiu a ficha, que não vendia cerveja [of course, precisa ter licença pra vender alcóol], mas se eu tivesse uma 'pipe' , quem sabe desse pra comprar algo com os meus cinco mangos.
Voltamos à espera pela banda. Demorou, demorou, eu já estava começando a ficar irritada. E reggae ao vivo que seria bom, nada. Pararam a música dos discos de vínil e a banda se postou no palco testando os instrumentos. O microfone falhava enquando o vocalista, com um chapéu enorme, falava coisas maneiras e cheias de mensagem de paz e amor com um pesado sotaque jamaicano. Quando a banda finalmente começou a tocar, percebemos que devíamos ser os únicos seres sóbrios naquela festa, que contava também com a presença de gatos e cachorros. O fumacê estava forte e denso e a banda tocava tão devagar que estava irritando. O clima era odara demais e nós estávamos a fim de dançar pra valer. O reggae dos domes não era pra nós, não-hipongos, não-fumantes não-praticantes de ioga. Fomos embora, tomar uma cerveja num bar.
Fer Guimaraes Rosa - April 25, 2004 10:40 AMFer! Parece q a gente tava adivinhando q seria assim, ne? :^))
Mas eu adoraria ter ido com vcs. E me adorei seu relato.
Beijocas!
Uauuuuuuu, bota alternativo nisso! Deve ter sido gozado conhecer essa tribo! beijos
Eh, eh... Que aventura! Só faltou mais swing pra vocês dançarem. Muita marijuana dá nisso...
Fer, que máximo tua aventura! Adorei :) No final o bom mesmo é tomar cerveja num bar hehe
Vocês são corajosos. Teria medo de ficar em um lugar assim, apesar de viver no Rio de Janeiro. Soa falso, né??? Agora só vou a cinema, teatro e apê do filho e dos amigos.