Estou lendo a revista Claudia, que comprei no Brasil e só agora estou conseguindo folhear. Uma das reportagens que li era uma entrevista com a jornalista e empresária Gloria Kalil. Ela fala do seu novo livro sobre etiqueta - Chic[érrimo]. Eu nunca li os livros dela, mas a conhecia de nome.
A revista pergunta qual a principal regra da etiqueta moderna e Gloria responde: "Prestar atenção no outro. Quem só olha para o próprio umbigo não está apto a conviver. E atualmente isso é muito comum, o narcisismo virou um problema social."
Quando li isso, lembrei imediatamente do encontro que tive com uma pessoa. É uma amiga de longuíssima data, que eu conheci quando ainda era criança. Toda vez que eu vou ao Brasil eu a procuro, mas já sabendo como vai ser a dinâmica do nosso encontro. Só ela fala e somente dela, dela, dela. Ela não pergunta absolutamente nada de mim, da minha família, é como se eu não tivesse vida. E fala o tempo todo dela, das filhas, do trabalho, do carro, do vizinho, do armário, do aparelho de som.....
É super exaustivo, porque você tem que ser agressiva e se impôr na conversa, se quiser falar e fazer ela engolir um pouco dos fatos da sua vida. E eu não entendo por que ela faz isso. Será desinteresse, despeito, defesa ou puro narcisismo?
Minha irmã ficou irritadíssima com esse encontro e com o convercê neurastênico. Quis saber por que eu insisto numa relação assim. Eu também não sei.... Acho que é porque preciso manter essa ligação - mesmo que nada saudável - com o meu passado.
Fer Guimaraes Rosa - June 15, 2004 08:04 AMFer, eu simplesmente não consigo entender quem age assim, não dando espaço para a fala do outro, e muito menos se interessando (ao menos, demonstrando não se interessar) pelo que o amigo quer falar. Não entendo como alguém assim acha que tem amigos, ou que gosta deles.
Eu tenho uma amiga com o mesmo mal da amiga da Stella, e isso é terrível. Já desisti dela várias vezes, voltei atrás tantas outras, e ela lá, sempre daquele jeito. Quando resolvi que não ia mais ligar, ela ligou - sabe quando? - depois de uns 4 meses! É de chorar, não? O pior é que ela é muito legal, quase uma irmã. Mas fico triste por perceber que não sou tão importante pra ela - ela não demonstra isso, pelo menos - quanto ela é pra mim.
Um beijo, Fer, saudades!! :)
(Meu micro morreu, menina... está a caminho da ressucitação. Depois te conto.)
fer, eu tenho uma amiga diferente. a gente se adora, se conhece desde os 12 anos. mas se eu não ligar, ou escrever, ou procurar, ela não se mexe. se eu vou atrás da montanha, a conversa é deliciosa, as risadas são muitas e sempre parece pouco tempo que a gente se viu. mas a montanha, para evitar terremoto, talvez, nunca me procura.
isso é tããão chato...
Fer, eu sofria da mesma doença. Qdo estava no Brasil, tinha uma coleçao de amigas assim que eu cultivava, mas que nao dava para trocar. Eu até ouvia as historias e futilidades delas, mas quando chegava a minha vez, viravam as costas...outras vezes eu preferia nem falar, porque de qualquer jeito nao entenderiam... Se fosse hoje no Brasil...tenho quase certeza que me aconteceria o mesmo... :-)
Beijos
Eu pensava que só as mulheres eram assim, falavam demais mas, no meu estágio, tudo mudou. Um dos meus chefes é exatamente assim. Não consigo falar, não consigo trabalhar. Ele já chega falando, falando e falando. Nossa...Outro dia eu marquei no relógio: ele chegou na sala 8:30 (eu estava sentada), quando ele me viu começou a falar (antes mesmo de fechar a porta) e eu parei, fiquei olhando para ele. SAbe que horas que eu consegui voltar a fazer o que estava fazendo? 9:37...Imagina isso. Sem parar. Nem vou dizer o stress e a dor de cabeça que se instalam em mim quando estou com ele né?
Eu sei exatamente como é isso. Tenho uma amiga (?)assim. Depois de um ano e pouco fora do Brasil nos encontramos para almoçar e foi só ela, ela, ela. Eu saí do encontro meio chateada e achando tudo aquilo surreal. Afinal, na minha cabeça, conversar é como dirigir numa rua de mão dupla, com trânsito para os dois lados. E decidi minimizar ao máximo os encontros futuros. Beijoca.
Que coisa, isso! Acho que é uma tendência que a gente tem, essa. É necessário prestar atenção para ver se não se está prendendo demais aos fatos próprios enquanto a vida passa - e se segue por aí, feito uma altista, irritando as velhas amigas! Por falar nisso, tinha uma velha amiga nesse esquema. Só que ela ficou tão doida que não deu mais. E a coisa resvalou claramente para um invejão de urucubaca, desses de se benzer. Creda!
Fer, eu também tive péssimas amigas no passado, no colégio, na faculdade. E perdi completamente o contato com elas, sem remorsos...;-)
Mas esse é um problema meu: eu me esforço muito pouco pra manter contato com gente que eu convivi, mesmo gente que me era agradável
Ai Fe, será que num momento de loucura também fiz isso?
Espero que não, mas não sei. Só sei que foi tão pouco tempo que desandei a falar.
beijo
Eu também tenho amigas assim....falam, falam...e nada de ouvir....essas pessoas dizem que eu "sou um bom ouvido"....hãhã...