June 15, 2004

o umbigo

Estou lendo a revista Claudia, que comprei no Brasil e só agora estou conseguindo folhear. Uma das reportagens que li era uma entrevista com a jornalista e empresária Gloria Kalil. Ela fala do seu novo livro sobre etiqueta - Chic[érrimo]. Eu nunca li os livros dela, mas a conhecia de nome.

A revista pergunta qual a principal regra da etiqueta moderna e Gloria responde: "Prestar atenção no outro. Quem só olha para o próprio umbigo não está apto a conviver. E atualmente isso é muito comum, o narcisismo virou um problema social."

Quando li isso, lembrei imediatamente do encontro que tive com uma pessoa. É uma amiga de longuíssima data, que eu conheci quando ainda era criança. Toda vez que eu vou ao Brasil eu a procuro, mas já sabendo como vai ser a dinâmica do nosso encontro. Só ela fala e somente dela, dela, dela. Ela não pergunta absolutamente nada de mim, da minha família, é como se eu não tivesse vida. E fala o tempo todo dela, das filhas, do trabalho, do carro, do vizinho, do armário, do aparelho de som.....

É super exaustivo, porque você tem que ser agressiva e se impôr na conversa, se quiser falar e fazer ela engolir um pouco dos fatos da sua vida. E eu não entendo por que ela faz isso. Será desinteresse, despeito, defesa ou puro narcisismo?

Minha irmã ficou irritadíssima com esse encontro e com o convercê neurastênico. Quis saber por que eu insisto numa relação assim. Eu também não sei.... Acho que é porque preciso manter essa ligação - mesmo que nada saudável - com o meu passado.

Fer Guimaraes Rosa - June 15, 2004 08:04 AM
comments

Fer, eu simplesmente não consigo entender quem age assim, não dando espaço para a fala do outro, e muito menos se interessando (ao menos, demonstrando não se interessar) pelo que o amigo quer falar. Não entendo como alguém assim acha que tem amigos, ou que gosta deles.

Eu tenho uma amiga com o mesmo mal da amiga da Stella, e isso é terrível. Já desisti dela várias vezes, voltei atrás tantas outras, e ela lá, sempre daquele jeito. Quando resolvi que não ia mais ligar, ela ligou - sabe quando? - depois de uns 4 meses! É de chorar, não? O pior é que ela é muito legal, quase uma irmã. Mas fico triste por perceber que não sou tão importante pra ela - ela não demonstra isso, pelo menos - quanto ela é pra mim.

Um beijo, Fer, saudades!! :)
(Meu micro morreu, menina... está a caminho da ressucitação. Depois te conto.)



garota urbana - June 16, 2004 03:14 PM

fer, eu tenho uma amiga diferente. a gente se adora, se conhece desde os 12 anos. mas se eu não ligar, ou escrever, ou procurar, ela não se mexe. se eu vou atrás da montanha, a conversa é deliciosa, as risadas são muitas e sempre parece pouco tempo que a gente se viu. mas a montanha, para evitar terremoto, talvez, nunca me procura.
isso é tããão chato...



stella - June 16, 2004 02:12 PM

Fer, eu sofria da mesma doença. Qdo estava no Brasil, tinha uma coleçao de amigas assim que eu cultivava, mas que nao dava para trocar. Eu até ouvia as historias e futilidades delas, mas quando chegava a minha vez, viravam as costas...outras vezes eu preferia nem falar, porque de qualquer jeito nao entenderiam... Se fosse hoje no Brasil...tenho quase certeza que me aconteceria o mesmo... :-)
Beijos



Ana Lucia - June 16, 2004 11:26 AM

Eu pensava que só as mulheres eram assim, falavam demais mas, no meu estágio, tudo mudou. Um dos meus chefes é exatamente assim. Não consigo falar, não consigo trabalhar. Ele já chega falando, falando e falando. Nossa...Outro dia eu marquei no relógio: ele chegou na sala 8:30 (eu estava sentada), quando ele me viu começou a falar (antes mesmo de fechar a porta) e eu parei, fiquei olhando para ele. SAbe que horas que eu consegui voltar a fazer o que estava fazendo? 9:37...Imagina isso. Sem parar. Nem vou dizer o stress e a dor de cabeça que se instalam em mim quando estou com ele né?



Nissia - June 16, 2004 09:01 AM

Eu sei exatamente como é isso. Tenho uma amiga (?)assim. Depois de um ano e pouco fora do Brasil nos encontramos para almoçar e foi só ela, ela, ela. Eu saí do encontro meio chateada e achando tudo aquilo surreal. Afinal, na minha cabeça, conversar é como dirigir numa rua de mão dupla, com trânsito para os dois lados. E decidi minimizar ao máximo os encontros futuros. Beijoca.



Maura - June 16, 2004 03:29 AM

Que coisa, isso! Acho que é uma tendência que a gente tem, essa. É necessário prestar atenção para ver se não se está prendendo demais aos fatos próprios enquanto a vida passa - e se segue por aí, feito uma altista, irritando as velhas amigas! Por falar nisso, tinha uma velha amiga nesse esquema. Só que ela ficou tão doida que não deu mais. E a coisa resvalou claramente para um invejão de urucubaca, desses de se benzer. Creda!



Mina - June 15, 2004 11:55 AM

Fer, eu também tive péssimas amigas no passado, no colégio, na faculdade. E perdi completamente o contato com elas, sem remorsos...;-)
Mas esse é um problema meu: eu me esforço muito pouco pra manter contato com gente que eu convivi, mesmo gente que me era agradável



carol - June 15, 2004 11:52 AM

Ai Fe, será que num momento de loucura também fiz isso?
Espero que não, mas não sei. Só sei que foi tão pouco tempo que desandei a falar.

beijo



Lu - June 15, 2004 10:35 AM

Eu também tenho amigas assim....falam, falam...e nada de ouvir....essas pessoas dizem que eu "sou um bom ouvido"....hãhã...



paula - June 15, 2004 10:21 AM