November 14, 2005

vida social I

Uma das coisas chatas da vida social é conhecer gente nova em festa. Eu passo por essa situação como se estivesse num trabalho de parto, que se desenvolve sempre em etapas, uma mais difícil que a outra. Eu raramento me aproxego de alguém e já vou sacando um questionário da bolsa. Geralmente eu que sou a vítima, a presa encurralada e cercada de perguntas. Acho que as pessoas me vêem e logo pensam: preciso conhecer aquela nariguda falando com aquele sotaque interessante, vestida com aquelas roupas exóticas e que - opis - acabou de tropeçar [ou quebrar um copo, ou derrubar vinho na anfitriã, ou falar uma gafe]. Dai sou abordada, primeiramente com as gentilezas de oi meu nome é fulano ou fulana, dai eu digo o meu nome e eles repetem, eu explico que é FernandAAAA, por favor, não me faça passar pelo vexame de ser chamada de homem, algumas risadas tolas, um papinho furado de alguns minutos e logo vem a primeira pergunta decepadora de cabeças: o que você faz?

Responder o que eu faço pode levar horas e necessitar de muitos copos de vinho intercalados de copos de água. Então essa pergunta fica sempre mal respondida, mal entendida e gera muita frustração. Eu gostaria muito de me livrar da pergunta e da conversa nessas horas, então penso no que poderia responder quando a tal frase fatal fosse finalmente verbalizada: o que você faz?

- sou palhaça, mas dormi de touca e o circo foi embora da cidade e me deixou pra trás, então estou tentando me recolocar no mercado de trabalho da região.

- eu vendo Amway [ou Mary Kay]. essa resposta é garantia de afastar todo e qualquer ser racional e passar o resto da noite comendo, bebendo e lendo revistas na festa.

- sou dublê de corpo em slash movies.

- sou treinadora do time de gamão dos cidadões de terceira idade de Roseville.

- escrevo, mas ninguém quer comprar meus escritos, então em alguns anos certamente cortarei minha orelha e morrerei de infeção e na miséria.

- crio minhocas.

- sou a nova gerente do Bates Motel.

- sou manéquin de luvas.

- o que eu faço? como assim o que eu faço? que tipo de pergunta é essa? are you talking to me? ARE YOU TALKING TOOOOO MEEEEE?????

Fer Guimaraes Rosa - November 14, 2005 10:30 AM
comments

Imagina eu, né?



contra-indicado - November 15, 2005 10:05 AM

Putz, e eu te fiz essa pergunta, hehehe bjs



D. Afonso XX o Chato - November 15, 2005 05:31 AM

Nega!!! Sabe, eu não passo mais saia-justa com isso, agora nunca mais!!! Diz que você, além de uma exímia web-designer, é tb tradutora nas horas vagas, que traduz do inglês pro português, e que também é revisora de artigos em revistas, que trabalha sempre via web, não precisa sair de casa pra nada, que é muito bem paga e que faz o seu horário a seu bel-prazer. Pelo menos a moçada fica satisfeita com as informações - e até invejosa dessa atividade que te proporciona tamanha independência e
total flexibilidade nos horários de trabalho ;-)
BeijoSSSS!
Lu



negalu - November 14, 2005 05:55 PM

das perguntas que mais me irritam é essa. como se o que fazemos mostre o que de mais interessante temos para partilhar... Beijos



isa - November 14, 2005 04:19 PM

Ahahahahaha...morri de rir com suas possíveis profissões! Eu detesto essas perguntas...eu tenho 35 anos e um filho de 17...
Adoro isso aqui...e o Chucrute está delicioso!!!
Beijos!
Lígia



Lígia - November 14, 2005 04:03 PM

Falando no nosso nome, me fez lembrar as inúmeras vezes que tive que repetir meu nome para os gringos, quando morei fora. era impressionante, saía tudo que era nome, menos o meu. Depois peguei a manha e aprendi a enrolar a língua para falar o nome, eles entendiam direitnho...e eu suspirava aliviada!
Bjs



fer - November 14, 2005 09:14 AM

Também odeio esses questionários em eventos sociais. O pior é que o povo não é criativo e as perguntas são sempre as mesmas.



Ana Maria - November 14, 2005 04:03 AM

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