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Uma batida delicada na porta. Eu desço correndo pensando que poderia ser a carteira. Mas não era. Era um testemunha de Jeová! Esses fenômenos acontecem raramente por aqui. Eu já faço uma cara de blasé, tentando abreviar o papo. Ele pede pra eu dar uma olhada na revista – The Watchtower – com as palavras de Jesus. Me oferece a revista, que eu agarro rapidamente, numa postura bem assertiva, tentando passar a impressão de que fui convencida [e não provocar nenhum motivo para discursos...]. Ele pergunta meu nome. E daí quer saber se eu sou latin american.... Sim, sou. Sou da América do Sul, sou brasileira. Ele diz que é francês e comenta que adora o português e os brasileiros, apesar daquele nosso último confronto no final da Copa Mundial de Futebol. Ai meu saco! Ele tinha que me lembrar disso? Eu respondi que tudo bem, isso acontece, mas nós odiamos vocês por aquilo. ‘Aquilo’, o imencionável, foi o fato de termos perdido a Copa para os franceses. No The Graduate, onde eu fui assistir a tal partida só pra acompanhar outros brasileiros, os franceses deram um show insuportável de se ver, pulando, beijando a bandeira e berrando ‘je te aime France!’’. Que ódio! Bom, esse assunto já estava morto e enterrado. Mas agora tenho mais um motivo pra jogar a revistinha do testemunha de Jeová francês na lata do lixo. Vá de retro, Satanás!!
Fer Guimaraes Rosa - August 2, 2001 1:55 PM