caixinha de coisas

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Ontem foi dia de choradeira aqui. A carteira trouxe uma caixinha com quatro fitinhas de vídeo e eu fiquei umas boas horas assistindo e enxugando as lágrimas. Era o batizado do Fausto em Coimbra [ e meu pai colocou uma trilha sonora de músicas portuguesas super lindas!] e depois a viagem do meu pai e minha mãe pela Itália. Nossa, quanto lugar lindo: Milão, Roma, Veneza, Capri, Verona, Murano, Florença, Potenza, Nápoles e até o Vesúvio e Pompéia. Fiquei muito emocionada quando vi a pequena cidade do sul da Itália [Tito, a 10 min de Potenza] de onde saíram meus antepassados. Parecia um daqueles cenários de filmes, como Cinema Paradiso… Acho que eu penso nos meus avós imigrantes, porque agora também sou uma. Penso como deve ter sido difícil deixar o país deles e não poder nunca mais voltar. Naquela época não tinha internet e não era barato [ainda não é] voar pra lá e pra cá….

Depois me deu um faniquito [acho que pensei no Moa arrumando a casinha nova dele no Rio!] e fiz um monte de coisas aqui. Minha sala tem uma disposição que por mais que eu queime os miolos não consigo achar uma maneira diferente de colocar os móveis. O problema é a ‘quebra’ do espaço por causa da escada. Mas mudei o meu quarto, colocando a espreguiçadeira ao lado da janela, assim posso ler com mais luz e um ventinho! Arrumei tanta coisinha, que acabei ficando o dia todo trancada dentro de casa! Só faltou assar um bolo ou fazer uns cookies, a la Martha Stewart!! Ha Ha!!

À noite fui ver tv, porque eu tinha visto no Extra! que o Sting, a Cheri Oteri e o Pee Wee Herman estariam no episódio da Ally MacBeal. A Clau também me disse pelo ICQ que estava indo ver o show e eu fiquei curiosa. Eu nunca gostei desse show. Tenho uma implicância com aquela atriz esquisita, a Calista Flockhart. E acho que o episódio de ontem foi o último com o Robert Downey Jr, que foi preso usando drogas de novo. Bom, eu achei tudo uma chatice! Como que alguém pode gostar desse show pastel?? Cacilda!! Que coisa mais chataaaaaaaaa!! Nem a Cheri Oteri salvou a pátria. Tava tudo muito bolhudo….

Ver tv pra mim é como brincar de roleta russa, porque eu nunca memorizo o dia dos shows, nunca sei o que está passando e não olho o guia. Então tudo o que eu assisto é na sorte… passou pelo canal e viu, pronto. Nos canais de filmes, quando eu consigo pegar um filme desde o começo, solto rojões! Bom, ontem consegui ver um filme inteiro, do começo ao fim e era o documentário The Filth and the Fury, do Julien Temple, sobre os Sex Pistols. Eu nunca fui simpatizante dos punks, porque sempre fui maníaca por banhos e achava o visual e atitude deles muito sujo. 🙂 Mas algumas das idéias deles eram muito revolucionárias. Eu assisti Sid & Nancy, uma centena de anos atrás e vi um outro documentário sobre os Pistols e de como eles foram explorados pelo Malcolm Maclaren [que tem uma cara de boiola safado] e do fracasso da tour americana, que terminou com a dissolução do grupo em 78 [não por causa da tour, mas o último show deles foi em San Francisco]. O Julien Temple fez um filme legal, usando um monte de entrevistas antigas e filmagens dos próprios Pistols e intercalou com entrevistas atuais [onde ele filma contra a luz e você não consegue ver a cara envelhecida dos músicos], um monte de cenas do cotidiano inglês dos anos 70 [alguns comerciais cafonérrimos e programas de tv com humoristas bizarros] e cenas do filme Richard III, com o Laurence Olivier de peruca negra. Os monólogos com o Sid Vicious parecem ter sido feitos ontem e dá a impressão que ele nem morreu. O cara fala pra câmera com o rosto todo inchado e ralado e vestindo uma camiseta vermelha com a suástica no peito. Os Sex Pistols tinham muita atitude, mas eu sempre tive a impressão que noventa por cento da pose era original e espontânea. Eles eram muito podres até pra serem manipulados e enlatados pela indústria fonográfica. Os bastardos canalhas desapareceram, mas não foram esquecidos.

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