fire drill
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Os caras do management [sempre eles!] estavam limpando as teias de aranhas no teto dos corredores. Eles têm que usar uma escada mecânica, dessas que ficam instaladas num carro, porque o pé direito é realmente alto, com janelas de vidro lá no topo. Bom, não sei o que os dois zémanés fizeram, mas eles detonaram o alarme de incêndio do prédio.
Todo mundo sabia que não era nada, que tinha sido apenas uma mancada dos caras limpando as teias de aranhas, mas nós somos obrigados a fazer todo o procedimento do fire drill. Nós temos centenas de crianças dentro das salas e somos regulados por trocentas e duas leis. Eu acho certíssimo o jeito que as coisas são feitas, não só pela segurança, mas também pela prática. No dia que realmente houver fogo [toc toc toc] já sabemos o que fazer ‘by heart’.
Então pegamos todas as crianças e as levamos para o fundo do playground, encostadas na cerca. Checamos banheiros e classes e fizemos a chamada, para conferir se todas estavam lá. E esperamos de pé a chegada dos bombeiros. Eles chegam em menos de cinco minutos. As crianças ficam num excitamento incrível, porque pra elas os bombeiros são quase iguais aos super-heróis. Dois caminhões chegam. Os bombeiros checam o prédio todo. E sempre entram pra conversar com as crianças e dizer que elas fizeram um ‘bom trabalho’ obedecendo às professoras e seguindo as regras do fire drill. É muito engraçado como todas elas olham para os homens vestidos de amarelo, com a boca aberta e os olhos brilhando. Essa foi a parte mais excitante do dia para todos lá na escola. Graças aos desengonçados limpadores de teias de aranhas.