the documentary

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Eu preciso escrever sobre as coisas, pra finalmente parar de pensar nelas.
Domingo eu relutei, mas acabei vendo o documentário 9/11, televisionado pela CBS. Duas horas, sem intervalos, com as imagens feitas pelos dois irmãos franceses, que faziam um documentário sobre um dos bombeiros em treino, numa das fire stations de Manhattan. Eles estavam lá filmando, quando o primeiro avião chocou-se contra a primeira torre e pegaram tudo em video. Depois filmaram os bombeiros dentro da torre número um, a última a cair. As cenas são impressionantes, porque sabemos o que vai acontecer. Parece que estamos assistindo um filme de ficção, desses tipo “Inferno na Torre”, só que sabemos que ali tudo o que estamos vendo é verdade e que a tragédia vai muito além daquelas cenas.
Um dos irmãos filma as pessoas na rua, o ar de incredulidade em cada rosto. Depois ele filma o pânico. O outro filma os bombeiros dentro do prédio. Ouvimos uns estrondos e os bombeiros dizem “those are the jumpers…”. São as pessoas pulando do alto do prédio e ouvimos o barulho do baque dos corpos contra o chão. São muitos. Um dos bombeiros diz que está “chovendo gente”. Caem pedaços de vidros e material de construção e pedaços de gente. É o horror, mas ainda é apenas o começo. Quando o segundo avião se choca contra a segunda torre, ouve-se o barulho. Eles tentam achar saidas mais seguras para fazer a evacuação, porque não é seguro sair com toda aquela gente pulando e pedaços do prédio caindo. A tensão é tão grande que meu estomago encolhe e minhas mãos se agarram nas beiradas do sofã. Os irmãos filmam tudo. O desespero nas ruas, a primeira torre caindo e os bombeiros dentro da segunda torre, quando tudo balança e fica escuro de poeira. Ainda há mais filmagens dentro do prédio e quando finalmente eles saem e a segunda torre cai, a câmera continua ligada filmamdo tudo. A cena que me marcou foi a de um senhor gordo de óculos, com uma valise na mão, todo sujo de poeira, caminhando a esmo com a boca aberta depois da queda das duas torres. Ninguém nunca imaginou uma coisa daquelas acontecendo fora de um filme. Até agora nós ficamos só lendo relatos e tentando imaginar o que aconteceu lá dentro dos prédios. Agora temos as imagens, de um filme que não teve nenhuma produção, mas que me deixou sem dormir… mais uma vez.

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o passado não condena