i pity the poor immigrant

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A minha primeira experiência no INS de Sacramento foi traumática. Eu tinha acabado de chegar na Califórnia, já tinha feito toda a papelada pro Work Permit e tinha até emprego, mas não podia trabalhar enquanto a carteira não chegasse. O professor da UCDavis que trabalha com o Ursão, tentando ajudar, sugeriu que eu levasse os papéis direto até o INS, pra ver se apressava a coisa. Na ignorância eu fui. Cheguei, peguei um número, sentei num banco duro, numa sala cheia de gente de todo canto do mundo e esperei……. por SEIS [6] horas. Quando finalmente chegou a vez do meu número, eu fui toda serelepe até o guichê. O funcionário olhou meus documentos e falou ” você tem visto J2? o seu caso não é aqui. você tem que mandar tudo pelo correio para Laguna Niguel. É o único jeito. “. Depois de esperar por seis horas, eu fiquei balbuciando palavras desconexas, de tão perplexa que estava – meu primeiro encontro com a burocracia norte-americana. O cara nem se importou com o meu estado de choque. Disse “take it as a lesson!” e fechou a portinha do guichê na minha cara. Eu aprendi a minha lição…… Nunca mais voltei ao INS, porque dali em diante tudo foi feito pelo correio e, mais tarde, através do nosso advogado. Hoje quebrei o jejum de cinco anos. Fui ao INS.
Acho que agora foi a ÚLTIMA etapa desse caminho que parece não ter fim. Fomos ajustar nosso status de imigrante [permanent resident]. Esperamos somente duas horas e meia. Daqui duas semanas receberemos o green card pelo correio. Agora chega, né? Essa história já encheu o saco.
Desta vez, mais carcomida e esperta, já fiquei esperando pelo pior. Estava achando que iríamos ficar muito mais tempo lá dentro. Desta vez também observei com cuidado a ‘dança’ da burocracia. Eram nove guichês, mas só três estavam atendendo o público. Eram três tipos de numeração. A começando do zero [que estava indo mais ou menos], a nos duzentos [que era a mais devagar – eles atenderam sete pessoas em três horas] e a dos trezentos, onde nós estávamos. Os funcionários são todos negros, latinos ou orientais. Nenhum deles esboça nem o mais leve sorriso. Atendem você como se atendessem um aspirador de pó encrencado na assistência técnica. São mecânicos, sem emoção e ficam perguntando coisas estúpidas pra te deixar nervoso. As pessoas sentadas nos bancos trazem cobertores, lanchinho, as crianças brincam, brigam e assistem tv. Se ouve gente conversando em todas as línguas. Duas muçulmanas estudavam, comiam sanduiches e dormiam. Um casal com cara de intelectual resolvia problemas matemáticos e comiam umas maçãs, que eles cortavam com uma faquinha de plástico e recheavam com peanut butter, vinda de um pote que tiravam de dentro da bolsa. Uns mexicanos de chapéu conversavam alto. Indianos, uma familia russa com seis filhos. Uma verdadeira babel. Dizem que o INS está se modernizando e melhorando. O pior INS do país é o do estado da Califórnia, que tem o maior número de pedidos de imigração e de problemas com estrangeiros. Felizmente desta vez foram só algumas horas. E quando penso nisso, levanto as mãos pro céu que não estou em Los Angeles! Afêe….!

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o passado não condena