Eu danço com Dylan

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Well, I try my best To be just like I am, But everybody wants you To be just like them. They sing while you slave and I just get bored. I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more.
Era uma rotina para mim dançar em pé na frente da vitrola, enquanto as bolachas de vinil do Dylan tocavam e eu tentava em vão entender as letras.
Anos depois eu confessei para a minha irmã que eu era uma mulher realizada, pois hoje posso entender as músicas do meu ídolo Bob Dylan.
Dois shows do Dylan – um no Arco Arena em 99 e outro no Memorial Auditorium em 01 já acumulavam pontos para mais realização pessoal. Mas ontem, outra vez no Memorial Auditorium, eu finalmente dancei em frente ao palco como imaginava fazer nos tempos que dançava em frente da vitrola.
De pé a uns 20 metros do palco onde Dylan e sua banda estavam, dancei toda rebolante e feliz quando a primeira música se iniciou – Maggie’s Farm. Esse era um clássico nas minhas danças solitárias do passado. I ain’t gonna work on Maggie’s farm no more……..!!!
O resto do show foi puro rock ‘n’ roll e blues na veia. Dylan faz shows pros seus fãs. Se você não sabe ou não conhece as músicas dele, não vai conseguir entender metade do que ele canta. Todos os números são revisitados. Não tem nada igual em nenhum disco. Só ali que você vai ouvir aqueles hits tocados daquela maneira. Por isso é tão legal!
Com a mesma banda que o acompanha já há alguns anos – Charlie Sexton, Larry Campbell, Tony Garnier e David Kemper – Dylan fez um show eclético. A banda, vestida de terno cinza sobre camisa preta e Dylan, mais descabelado do que nunca e todo de preto com suas botas de cowboy de duas cores, trocavam de guitarra a cada nova música, como fizeram no show do ano passado. Uma fileira de guitarras de todos os tipos [algumas vintage] descansavam enfileiradas no fundo do palco. Dylan se dividiu entre as guitarras e um pianinho Yamaha. O guitarrista Larry Campbell tocou uma espécie de bandolim e um pedal steel guitar. O baixista Tony Garnier trocou seu baixo em alguns números por um violoncelo. A banda é muito jovem e parece deixar Dylan à vontade e de bom humor. Ele sorriu durante algumas músicas e conversava e trocava caretas e sorrisinhos freqüentemente com Campbell.
Dylan tocou muitos clássicos como Masters of War, It’s Alright Ma [I’m Only Bleeding], One Two Many Mornings, Like a Rolling Stones, Blowin’ In The Wind e Stuck Inside Of Mobile With The Memphis Blues Again.
A surpresa da noite foi Dylan cantando Brown Sugar, dos Rolling Stones e Old Man , do Neil Young [que foi realmente uma surpresa maravilhosa!].
A platéia também eclética era composta de gente de todas as idades. Ali no frente do palco, onde nós ficamos, tinha tanto adolescente que eu até achei surpreendente – um músico de sessenta anos, com fãs tão jovens. Todo mundo dançando, cantando junto [dentro do possível], pedindo números [umas chatonildas queriam que ele tocasse Joey e não paravam de berrar We Love You Bob!!]. Na nossa frente uma senhora de muletas, dançando e se divertindo. Eu nem olhei pra trás nem pros lados, então quase não vi o resto do público que lotava o teatro. Fiquei de olhos colados no palco – mais precisamente naquele coroa baixinho e descabelado que tocava com as pernas magrelinhas dobradas e cantava com aquela voz de taquara rachada, cada vez mais rachada, e que é um dos maiores mitos da música norte-americana.
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Memorial Auditorium – Sacramento – CA – 09/10/02
Set list: Maggie’s Farm, Tell Me That It Isn’t True, Stuck Inside Of Mobile With The Memphis Blues Again, Accidentally Like A Martyr, You Ain’t Goin’ Nowhere, Brown Sugar, To Ramona , It’s Alright Ma (I’m Only Bleeding) , Blowin’ In The Wind , Drifter’s Escape, Masters Of War , Old Man , Honest With Me, One Too Many Mornings , High Water, Mutineer, Floater (Too Much To Ask), Summer Days.
Encore: Like A Rolling Stone, Knockin’ On Heaven’s Door, All Along The Watchtower

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