azeitonas

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Estou pensando em azeitonas. Baldes e baldes cheios delas… Verdes, temperadas, salgadas, com ervas, com alho…. Não estou entendendo o significado desse pensamento obsessivo.
Fiquei mais de uma hora de pé na cozinha da casa, lendo a revista Time, ouvindo os dois caras que trocavam o carpete martelar no andar de cima, enquanto esperava a máquina de lavar louça fazer o full cycle. O Inspetor da cidade anotou na papelada que a máquina estava funcionando, mas eu não acreditei. Tive que ir lá testar.
Olhei tudo, os cantos, as dobras, o ralado no chão da sala de jantar, a grade dupla da lareira, a frestinha que não foi pintada, a janela empoeirada, a ferrugem no metal da pia, cada micro-detalhe que nunca lembramos de prestar atenção. No quintal tem um limoeiro carregado de limões verdes. Muitas roseiras, mas foi tudo podado. Dentro de uma cerquinha de madeira, três ‘beds’ para fazer horta, com um sprinkler em cada. Tudo prontinho, só precisa jogar as sementinhas e ajustar o timer da água.
Uma pessoa impaciente como eu tem que passar pela vida esperando… Pra domar o bicho, amansar o demônio, que em alguns dias parece que vai se afogar na própria respiração, querendo viver logo, resolver tudo, pular a janela da casa velha e ir tomar banho escondida e sozinha na casa nova e vazia.

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o passado não condena