Escuro como Breu

*

Esta noite choveu. A primeira chuva desde a primavera. Deixou a cidade uma bagunça, pois derrubou todas as folhas que estavam no balança-mas-não-cai nas árvores.
Eu acordei às 3 horas da manhã com o barulho do alarme de gás, que bipava numa altura irritante. Acordei o Ursão, porque temos o boiler embaixo da escada e eu morro de medo de vazamento [por isso temos esse alarme, além do de incêndio – que é mandatório]. Ele levantou pra ver o que estava acontecendo e eu notei uma escuridão maior que o normal.
Toda noite eu acordo para a mijadinha da madrugada e me viro no escuro numa boa, pois a claridade que entra pelas janelas da sala é suficiente para eu caminhar pela casa sem precisar acender a luz. Mas hoje de madrugada a escuridão estava assustadora.
O Ursão voltou dizendo que estávamos sem energia elétrica. Tudo morto, tudo parado. Levantei e fui olhar pelas janelas e parecia que nós estávamos em outro planeta. Deu até uma certa angustia, porque a luz parece nos dar uma sensação de proteção, de tranqüilidade, que estamos podendo ver, que tudo está sobre contrôle. Voltei a deitar e obviamente não consegui dormir. Fiquei cochilando, meio acordada e pensando como a nossa vida depende dessa tal de eletricidade. Eu ainda que tenho fogão à gás, mas quem tem fogão elétrico, nem um cházinho pra esquentar os ossos pode fazer.
Depois das 4 am a energia voltou numa explosão. O Ursão deixou a luz do corredor acesa e soou um outro alarme, fez um barulhão tão grande que o gato pulou e eu sentei na cama num sobressalto. Depois disso consegui dormir melhor, pensando que tudo voltara ao normal, até o aquecimento voltou a bafejar ar quente pela casa. Tudo como antes.
E ainda não sei o que aconteceu….

  • Share on:
Previous
peraí
Next
repeteco

o passado não condena