cachos

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Eu olho pro meu cabelo – que segundo os entendidos é “to die for”, pois ele tem a textura certa, pode ficar liso ou ondulado, está sempre brilhante, mesmo com o mal tratamento que eu dou pra ele, usando shampoos vagabundos e aparando uma vez por ano – e tenho certeza que eu gosto muito mais dele quando ele fica ondulado. Como eu sou totalmente analfabeta nas técnicas de fazer e manter um penteado, uso um truque fezoquiano bem prático, que ainda é refrescante no verão, que é dormir com o cabelo molhado. No dia seguinte a peruca está do jeitinho que eu gosto!
Outro dia, refletindo sobre a minha imagem no espelho com os cabelos em estado selvagem, achei incompreensível uma mulher querer ter cabelos lisos. Pensei na obsessão das brasileiras em alisar, fazer chapinha, técnica japonesa, escova, touca, o escambáu. E lembrei que num país mais pro norte, as mulheres pensam de maneira oposta. As canadenses têm obsessão por cabelo encaracolado e não piscam um segundo pra mergulharem as madeixas e couro cabeludo nos mais fedorentos produtos químicos, na ânsia de terem ondas e cachos. Eu me lembro das minhas visitas aos salões de beleza canadenses [que foram muitas, pois eu tive cabelo curto nos anos que morei lá, o que me obrigava a freqüentar os salões uma vez por mês] e da impressão que ficou registrada na minha memória olfativa: todos eles cheiravam à produtos de permanente. E sempre que eu entrava num deles, tinha pelo menos duas canuks fazendo permanente – SEMPRE!
Eu sei como é quando a gente tenta modificar uma coisa que está nos genes. Eu já fiz permanente e nem quero lembrar o resultado horripilante. Sempre dou risada quando lembro da minha irmã e seu humor irônico, olhando revistas de penteados e cortes de cabelos dentro de um salão pra escolher um estilo diferente pra fazer no dela. Com seus cabelos bem ondulados e curtos, ela apontou uma foto de uma modelo de cabelos bem longos e estremamente lisos e disse : “eu quero esse aqui!” .

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