the two most insane hours

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Voltando do Mondavi Center no domingo à noite, fui para casa à pé, atravessando o campus da UCDavis como de costume. No caminho, duas meninas pedalando suas bicicletas à toda passaram por mim gargalhando excitadas. Elas também vinham do show da Margaret Cho e uma berrava para a outra “thank you, thank you, thank you! that was the most insane two hours of my entire life!!”.
Eu estava com dor de cabeça, olhos ardendo, maxilar e dentes doendo, uma fraqueza total, depois de tanto chorar e torcer a cara com risadas. Concordei com a menina na bike – aquelas foram realmente duas horas insanas – no meu caso, não as mais insanas de toda a minha vida, mas certamente uma das mais desopilantes.
A comediante Margaret Cho é uma das mais engraçadas que eu conheço. Ela é inteligente, espirituosa e usa e abusa de expressão corporal e facial para complementar seus textos e tiradas fenomenais. Ela é totalmente o meu estilo! Polêmica e espontânea, desencadeou gargalhadas histéricas incessantes na platéia que lotou o Mondavi Center. Seus pratos prediletos: sexualidade, política, família, sociedade, etnicidade, racismo…..
Num dos sketches onde ela critica a ditadura da magreza e das dietas, ela conta a diarréia que uma dessas dietas malucas causou nela – enquanto dirigia em plena freeway em Los Angeles. Noutro sketch ela mostra como era o sexo entre ela e o ex-namorado, com quem ela disse nunca ter tido nenhuma atração física. Nada escapa da língua mordaz da comediante. Ela deixa clara a sua opinião com relação à mídia, estereótipos de beleza e de etnicidade, homossexualidade, crianças, família. Mas a política – que eu entendi que seria o foco principal desse show, batizado de Revolution e que divulga uma Cho vestida de Che Guevara em logo vermelho e preto – veio em pequenas doses. Eu, pessoalmente, gosto mais de piadas não-políticas. E ri como uma louca por quase duas horas, com pequenos intervalos pra assoar o nariz, respirar e desembaçar os olhos cheios de lágrimas com um lencinho de papel todo amarfanhado, que quase não conseguiu dar conta do recado.

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o passado não condena