impulso

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Eu já não estou dando conta nem de ler minhas assinaturas de revistas e jornal, mas quando entro numa livraria, uma força maior se apodera de mim e eu tenho que sair de lá com um livro debaixo do braço…
Ontem fui até o ACE comprar suportes para os meus tomateiros, que estão crescendo como pragas e se enroscando por todo canto, se espalhando pelo chão, cobrindo outras plantas. Na volta passei numa livraria que eu adoro – a Bogey’s Books. Eles vendem livros usados e novos e tem aquela atmosfera de livraria antiga, que é um charme!
Entrei lá carregando os pauzinhos e uma estrutura de ferro para os pés de tomate, que estavam atrapalhando a minha navegação pelo espaço da livraria. O atendente era um cara que eu conheci num jantar que fui uns anos atrás na casa de uma amiga. Não sei se ele me reconheceu, mas eu lembrei dele. Um cara estranhíssimo. Lembro de ter conversado com ele um pouco nessa festa. Não lembro o assunto. Logo depois de mim, uma moça carregando uma bengala dessas de cego [mas ela não tinha jeito de ser cega] entrou na livraria e fez os cumprimentos de praxe – “hello, how are you?”. E a resposta foi cheia de detalhes. Ele não estava se sentindo bem, mas não sabia descrever bem o que era, acabara de chegar do médico, estava muito preocupado, o médico é um especialista assim assado, ele falou isso e aquilo pra ele, mas niguém parece entender o que está se passando com ele….. Senti o constrangimento na moça da bengala, rolei meus olhos e fui me afastando, enquanto ainda ouvia o cara chato falar do problema dele pra pobre coitada que só perguntou como ele estava indo…. um “okay” teria sido a resposta perfeita.
Vi tanta coisa legal pelas bancas e prateleiras. Eu fico até nervosa dentro de lugares assim, porque quero comprar tudo. Mas agora aprendi a ponderar e só levei um livro: The Best American Short Stories of the Century, editada pelo John UpDike. Na lista de cem escritores, Ernest Hemingway, Dorothy Parker, William Falkner, Scott Fitzgerald, Elizabeth Bishop, Tennessee Williams, Joyce Carol Oats, Susan Sontag e Flannery O’Connor [minha favorita!], entre outros que eu não conheco ainda.

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o passado não condena