Thirteen

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Uns dias depois de assistir Thirteen, o primeiro filme da diretora Catherine Hardwicke, eu estava numa loja de roupas quando vi ao meu lado uma menina de no máximo doze anos. Levei um susto, pois ela era a réplica real e chocante das meninas do filme. Boca pintada de batom vermelho, calça justíssima, blusinha decotada, cabelos longos e pose sensual. Elas existem sim. Podem não fazer parte da minha realidade, mas estão por aí, Lolitas do nosso decadente século vinte e um.
Thirteen é a história de Tracy [Evan Rachel Wood], uma menina de treze anos que tem uma vida normal num suburbio do sul da Califórnia. Ela freqüenta a sétima série do primário, tem um grupo de amiguinhas, faz baby sitter pros filhos das amigas da mãe, escreve poesias, tem a cama coberta de bichinhos de pelúcia e fotos de artistas colados na parede do quarto. Tudo aparentemente comum até Tracy cruzar com a menina mais popular da escola, Evie [Nikki Reed] e ficar fascinada por ela. Tracy quer ser aceita por Evie, quer ser como Evie e vai fazer o que precisar pra conseguir conquistar a nova amiga. Ela rouba uma carteira cheia de dinheiro e leva a menina para fazer compras numa das ruas mais caras e estilosas de Los Angeles. Esse é o ritual de passagem de Tracy, que depois disso começa a se vestir como Evie, agir e pensar como Evie. A mudança é radical e assustadora. De menina comum, ela se tranforma numa pequena prostituta. Usa drogas, adota uma atitude promíscua e enfrenta a família com agressividade e arrogância.
Acompanhar a mudança de Tracy é uma viagem aterrorizante. No filme, como na vida real, a reação da família é de incredulidade e paralisia. Evie praticamente passa a morar no quarto de Tracy. Ela mente, é manipuladora, mau caráter, vende drogas, rouba e Tracy entra no esquema da amiga sem piscar um olho.
Um dos grandes medos de quem tem filhos adolescentes é a pressão e a má influência dos amigos. No caso do filme, não teve mãe compreensiva [Holly Hunter numa atuação que muitos já estão comentando que pode valer um Oscar] , boazinha e amiga que pudesse evitar a catástrofe que iria acontecer na vida da filha.
Mas olhar para os lados nos páteos das escolas, corredores de shopping centers ou ali mesmo ao seu lado numa loja de roupas, e ver réplicas de Tracys e Evies, é o que torna o filme mais aterrorizante. Elas não são ficção…..

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