The Night

*

Depois de uma semana imersa no Blues do senhor Martin Scorsese fiquei com o formigamento de ouvir música e dançar. Fomos à um bar em West Sacramento, onde uma cantora de Blues chamada Angila Witherspoon iria se apresentar. Fiquei toda animada. Eu sei que West Sacramento é um lugarzinho meio barra pesada, mas pelo Blues eu me enfio até nas cavernas dos infernos.
O lugar era um típico bar de blue collar. Estava bem vazio e nós estavamos destoando do ambiente. A banda tocava, três sets de tevê mostravam noticiário esportivo, algumas pessoas jogavam sinuca em duas mesas logo na entrada, um casal desengonçado dançava e o resto do pessoal se aboletava no bar. Fomos pedir cerveja e vinho e levamos uma checada da cabeça aos pés – quem serão essas fulanas tão arrumadas e perfumadas? O vinho tinto estava avinagrado, porque em bar desse tipo ninguém bebe vinho. A opção foi um zinfandel rosé que estava lá encalhado….
O Blues era de primeira qualidade e a voz da cantora me lembrou a Janis Joplin. Mas não dava pra ficar lá…. Resolvemos ir para um pub em Folsom, que já conhecíamos. Quando saíamos, um grupo instalava um globo de luz estroboscópica na porta de entrada do bar. O problema ali era a localização. E talvez o dia, uma sexta-feira. Acredito que aos sábados a clientela aumente.
No Power House em Folsom não tinha Blues. A banda da noite era um cover de sucessos dos anos 80 e a casa estava abarrotada. Mal dava pra andar ou ao menos dançar. Tentamos vários cantos, até acharmos um onde pudemos ver a banda e dançar sem sermos pisoteados. No Power House tem sempre gente de todas as faixas etárias, mas os trintões e quarentões predominam. Fomos tomar um ar no páteo no intervalo e obviamente que tivemos que atrair um chatonildo bebum, que ficou intrigado com o nosso português e fez um papel de ridículo na nossa frente. Eu acabei dando uma risada, que ele viu e disse “i totally fucked this up… sorry!”. O cara estava mais do que bêbado. Nos deu um cartão de visita e ficou repetindo “brazzzillllll, braazzilllll……”. Afe! No Power House sempre acontece dessas, embora seja sempre divertido.
No fim, invés de dançar o Blues que eu tanto queria, acabamos dançando Duran Duran, Talking Heads, The Go-Gos, Prince, AC/DC e até Queen…..! Dançarei Blues na próxima.

  • Share on:
Previous
money is for nothing
Next
new neighbor

o passado não condena