é o Misty!
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Eu tenho uma amiga queridíssima que morou aqui em Davis por uns meses. Ela me telefonava e quando eu atendia, ela perguntava:
– quem fala?
Eu sempre ria muito ouvindo isso, porque era óbvio que quem falava era eu, pois só eu e o Uriel vivemos aqui. Se uma voz de mulher atendesse, era eu. Se uma voz de homem atendesse, era o Uriel. Ah, mas tem o Misty, né?
Então um dia, quando ela perguntou:
– quem fala?
Eu respondi:
– é o Misty!
E gargalhamos às lágrimas! Depois disso, toda vez que ela ligava, rolava a mesma cena: “quem fala? é o Misty! HaHaHaHaHaHa!”
Esta história me fez lembrar de outra, também envolvendo o Misty ao telefone.
Um dia, sei lá por que, eu resolvi gravar uma mensagem besta na secretrária eletrônica. Fiz voz de gato e falei com irritação algo como “alô, aqui é o Misty, eu estava feliz tirando uma soneca e voce me acordou. a Fer e o Uriel não estão em casa, mas pode deixar um recado se quiser”. Todos os recados deixados na nossa máquina a partir dali ecoavam risadas ou soavam confusos. O Uriel não gostou nada daquilo, achou ridículo, uma idéia de girico se fazer passar por um gato. Mas eu devia estar vivendo alguma fase de espírito de porco, achando tudo divertido, e o recado ficou como estava.
Um dia, o chefe do departamento de engenharia agrícola da Universidade de Urbana-Champagne ligou para falar urgentemente com o Uriel um assunto de trabalho. A voz do cara soava realmente confusa e hesitante, mas mesmo assim ele deixou o recado. “Eu não tenho certeza se liguei pro lugar certo, mas em todo caso, esta mensagem é para o Doutor Rosa…..”.
Depois disso a mensagem do Misty foi sumariamente deletada e outra, das normais “alô, você ligou para o número tal, deixe o seu recado”, foi gravada.