Baaba Maal
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Nós entramos no teatro às seis e meia e os músicos africanos estavam no palco, terminando os últimos ajustes de som. Eles ainda estavam vestidos com roupas comuns, jeans, camisas, e falavam entre eles numa mistura de inglês com uma das inúmeras línguas do Senegal. Eu já adorei tudo a partir dalí: o cenário simples, com um quilt gigante fazendo uma tenda, a disposição dos músicos em círculo e a atmosfera familiar e simpática que os africanos sempre nos passam.
O show do Senegalês Baaba Maal superou a minha primeira impressão de informalidade e simpatia. Foi muito mais que isso, foi vibrante, alegre e contagiante. Maal tem uma voz esganiçada, aguda, quase incômoda. A banda tem cordas pungentes e tambores austeros. O som é alto e áspero, mas o resultado do conjunto é delicioso e encantador. Maal puxou seus músicos para dialogar com ele. E cantou canções tradicionais do Senegal com uma sonoridade pop e uma concepção contemporânea. Os músicos brilharam, principalmente um dos percussionistas, que tocava um minúsculo tambor pendurado no ombro. Ele foi o centro da festa, com sua simpatia, ginga, sorriso aberto, dançando e conduzindo a platéia a bater palmas. Um homem lindo e charmoso, dançando descalço. Maal também dançou, chamou os outros músicos para a dança, tirou a sandália e parte da sua vestimenta – três camadas de túnica e colares, para poder se movimentar melhor. Maal é magrinho e ágil. Sua figura combina com a sua voz de taquara rachada. E sua música é irradiante. Infelizmente não deu pra dançar dentro do teatro. Foi o único defeito do show…