conselho à venda

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Aos quarenta e dois anos, estou fazendo sessões com um career counselor. Nem foi idéia minha, mas do diretor de um programa da UCDavis do qual eu faço parte. Eles e o departamento de Engenharia Agrícola estão dividindo as despesas desse serviço, então estou indo. A counselor está me dando idéias e dicas e me ajudando a fazer modificações no meu curriculum. Já fiz sozinha muita coisa e agora ela está me ajudando a fazer outras coisas. Mas sinceramente, por noventa dólares a hora eu estava esperando um pouco mais dessas sessões. Esperava que ela me oferecesse um leque mais variado de opções e não ficasse batendo na mesma tecla [do writing in English]. Ontem fiquei realmente chocada quando ela interrompia nosso trabalho de correções pra contar causos dela e do marido – que ela nunca serviu pra ser dona de casa e que tentou cozinhar uma lasanha pro aniversário do marido mas deu tudo errado, que era picnic day e eles quase não conseguiram um restaurante, blábláblá, blábláblá. Depois sugeriu que eu pedisse mais sessões pro diretor do programa, pois tínhamos muito trabalho para fazer e as sessões que temos disponíveis não iriam ser suficientes para discutirmos tudo. Eu posso não saber escrever o curriculum mais eficiente do mercado, mais ainda não perdi a capacidade de sacar uma jogada oportunista quando ela acontece bem na minha cara. Mais sessões, claro, pois ela está ganhando por hora. Só que a UCDavis não está pagando pra ela falar da vida dela. E eu não estou lá pra ficar ouvindo ela contar coisas que não me interessam. Estou realmente cansada de ouvir opiniões de palpiteiros e acabei de sacar que muitas vezes receber um conselho bom não acontece assim tão fácil, nem de graça, nem pagando.

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