eu rio por último….

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Rir é a melhor maneira de expurgar idéias ou sentimentos negativos. Quem pensa que a comicidade das minhas histórias biográficas é depreciativa, está muito enganado.
Rir é terapêutico e nos ajuda a ver uma determinada situação sob uma nova perspectiva. A visão do ridículo é purificadora e mostra que até os mais absurdos defeitos podem ser divertidos.
É por isso que eu escrevo sobre as minhas patetadas com freqüência. Se elas me fizerem rir, todo o efeito negativo de sentir-se um peixe fora d’água, uma esquisita, uma atrapalhada, sempre metida numa gafe, se diluí.
Histórias não faltam. Tenho material para um livro. Dá pra não rir do episódio em que eu beijei a boca de uma mulher sem querer, enquanto tentava cumprimentá-la desengonçadamente numa festa? E quem não se identificou com a talentosa Splashy e suas estripulias aquáticas? Quantas vezes eu revi na minha memória, como se fosse um filme pastelão, a cena que protagonizei quando visitei uns amigos no Brasil: fui descruzar a perna e chutei uma bacia cheia de casca e sementes de mixiricas, que voou pelos ares e aterrissou do outro lado da sala, fazendo uma sujeirada tremenda no chão.
Depois que eu escrevo e dou muita risada, não me sinto mais tão esdrúxula, não acho que sou diferente, problemática, que estou sempre dando foras ou espetáculos grotescos, caindo das cadeiras, tropeçando, rolando pelas escadas, batendo com a cara no poste. Depois que eu choro de rir e gargalho alto, tenho certeza de que sou abençoada com essa capacidade de ser naturalmente espirituosa e de saber rir saudavelmente de mim mesma.

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o passado não condena