o umbigo
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Estou lendo a revista Claudia, que comprei no Brasil e só agora estou conseguindo folhear. Uma das reportagens que li era uma entrevista com a jornalista e empresária Gloria Kalil. Ela fala do seu novo livro sobre etiqueta – Chic[érrimo]. Eu nunca li os livros dela, mas a conhecia de nome.
A revista pergunta qual a principal regra da etiqueta moderna e Gloria responde: “Prestar atenção no outro. Quem só olha para o próprio umbigo não está apto a conviver. E atualmente isso é muito comum, o narcisismo virou um problema social.”
Quando li isso, lembrei imediatamente do encontro que tive com uma pessoa. É uma amiga de longuíssima data, que eu conheci quando ainda era criança. Toda vez que eu vou ao Brasil eu a procuro, mas já sabendo como vai ser a dinâmica do nosso encontro. Só ela fala e somente dela, dela, dela. Ela não pergunta absolutamente nada de mim, da minha família, é como se eu não tivesse vida. E fala o tempo todo dela, das filhas, do trabalho, do carro, do vizinho, do armário, do aparelho de som…..
É super exaustivo, porque você tem que ser agressiva e se impôr na conversa, se quiser falar e fazer ela engolir um pouco dos fatos da sua vida. E eu não entendo por que ela faz isso. Será desinteresse, despeito, defesa ou puro narcisismo?
Minha irmã ficou irritadíssima com esse encontro e com o convercê neurastênico. Quis saber por que eu insisto numa relação assim. Eu também não sei…. Acho que é porque preciso manter essa ligação – mesmo que nada saudável – com o meu passado.