dias de Murphy

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Parada no sinal vermelho, dentro do carro, vi uma pessoa atravessando a rua na faixa de pedestre. Pensei, será que alguém que me conhece já me viu atravessando a rua assim, entre os carros? Não é uma sensação estranha pensar que alguém te vê, sem você saber ou perceber?
Mudou o mês e eu nem tchuns. Foi totalmente não planejado. Aliás, dias de Murphy nunca são esperados ou planejados. Eles desabam sobre você, como um saco de pedras acidentalmente despejado no lugar errado. Normalmente, na sua cabeça de passante distraída. E quem quer acessar um blog pra ler chaturas e reclamações? Eu não faço muito o genêro de ficar me desculpando – ai, gentê, estou na tpm, viu? Geralmente gosto de passar esses famigerados dias em silêncio.
Quando tudo começa a dar errado sequencialmente, é melhor parar, respirar fundo, dar um grito bem alto, chorar vendo um filme, se esquecer no chuveiro. Preciso frisar que neste corpo não habita ninguém zen, que fala frases poéticas, medita lendo textos budistas, reflete sobre dúvidas existenciais e saca soluções para tudo de livrinho de bolso de auto-ajuda.
Aqui neste corpão vive um ser escandaloso, dramático, pessimista, chorão, demente, que perde o rumo nas tropeçadas. Então, os dias de Murphy necessitam paciência. E silêncio……….

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