coçar e comprar é só começar
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Achei uma calça no meu closet. Eu estou sempre achando coisas lá dentro, peças de roupa que comprei em alguma liqüida, por algum preçinho irresistível que não pude deixar passar, mas não sei como usar. O problema dessas roupas – que é também o motivo pelo qual elas se perdem e são esquecidas dentro do armário – é que elas nem sempre são na minha numeração, ou na cor que me favorece, ou no modelo que me agrada. Parece coisa de louco, não? Mas é simples de explicar, péra lá.
Me digam como é que eu vou resistir à uma calça cáqui da Calvin Klein por $3,99? O número é um pouco maior e a calça fica caindo na cintura? No problema, eu dou um jeito! E aquela blusinha listrada de rosa e roxo por $6,98? Usarei a criatividade para integrá-la nos meus outfits diários. E tem a saia longa de listras verdes e beige que custou apenas $12,00 mas me deixa barriguda. Ah, eu uso com um pullover grande. E a camisa de seda com estampa de zebra que eu achei por meros $5,79 e que precisa lavar a seco? Ah, um dia eu vou precisar de um visual funky. E a camiseta com a cara do Cat in the Hat que é um pouco pequena e provocou um comentário da Reidun? Eu vou com certeza usar no verão! E por aí vai… Meu guarda-roupa é cheio de peças assim, com história e poeira.
Ontem vesti teimosamente a calça cáqui que achei no armário e que é um pouco grande para mim. Apertei bem a fivelinha da cintura e passei a tarde fazendo coisas e vigiando se a calça não estava caindo além do limite aceitável. É um exercício de criatividade usar essas roupetas que encontro em liquidações por aí. Felizmente, ando me controlando mais nesses impulsos consumistas de mão-de-vaca. Agora eu penso, repenso, devolvo a roupa antes de fazer a besteira de comprar algo só porque está super barato.