Ray

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Fazer coisas relativamente normais, como ir ao médico, ao dentista, fazer compras no supermercado ou ir ao cinema no dia de Halloween é sempre uma experiência estranha e divertida. Invés de funcionários em suas roupas e uniformes regulares, somos atendidos por personagens de filmes, monstros, figuras bizarras e engraçadas de toda espécie. Passo por isso todos os anos e ontem, no trinta e um de outubro, dia das bruxas, fomos novamente recebidos pela fauna halloweenica, desta vez no cinema, onde vimos Ray do diretor Taylor Hackford com o magnífico Jamie Foxx interpretando o genial Ray Charles.
O filme é impecável. Duas horas e meia de música, cobrindo o período de 1945 a 1966 na vida de Ray Charles, com flashbacks para a infância pobre e trágica do músico, que num período de nove meses assiste chocado ao afogamento do irmão mais novo numa bacia e começa a perder a visão. A mãe o treina para ser independente e a educação numa escola para cegos o habilita a viver quase normalmente, até caminhar sem a ajuda de bengalas ou cães.
Eu, que nunca tive um álbum de Ray Charles na minha discoteca, conhecia todas as músicas tocadas no filme. Ele é um clássico da música negra norte-americana. E tem uma história fascinante, que incluí inúmeras traições, o vicío da heroína, a audácia de misturar R&B com Gospel, a luta contra o racismo e a lei Jim Crow, visitas à prisões e um período numa clinica de reabilitação. Embora o filme termine em 1966 e Ray Charles tenha vivido até 2004, saímos do cinema com a sensação de termos tido acesso às informações mais importantes da vida deste músico. O filme é um primor de reconstituição de época, tem uma trilha sonora imbatível [e podia ser diferente?!] e traz um grupo de atores mandando muitíssimo bem, com destaque para a interpretação realmente digna de Oscar de Jamie Foxx.
Eu adoro o Jim Carrey e amei o trabalho perfeito dele em Eternal Sunshine of the Spotless Mind, mas se Jamie Foxx e Jim Carrey forem indicados para um Oscar, vou ter que torcer pelo Foxx……
» também no Cinefilia

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