o trabalho que nunca tem fim

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Esta é a reclamação de todos os infelizes que estão amarrados na rotina dos serviços de casa. Quem não pode ou não quer deixar outros arrumarem a sua bagunça e sujeira, tem que enfrentar o trabalho que nunca tem fim.
Louça lavada não permanece limpa, a não ser que você não coma nem beba nunca em casa. Roupa limpa não dura, a não ser que você passe o dia pelado debaixo das cobertas da cama ou se fazendo de Tarzan/Jane pela casa. Contas pagas se metamorfoseiam em contas novas, letras vermelhas brilhantes piscando “pague-me até o dia 30!”. Comida na geladeira não dura – ou é devorada ou apodrece. Móveis criam poeira, banheiros crescem mofo, roupas limpas não se auto-penduram no armário, os gatos dobram o tapete quando o Wanderley deles está sujo, mas não pegam a pázinha e a vassourinha para limpar, o estoque de comida não se renova automáticamente na despensa, grama não encolhe, mato não pára de crescer, a casa do ano 2004 ainda não é a dos Jetsons e não temos empregadas-robôs.
Não existe solução para esse novelo infinito de trabalheira chata. O jeito é pegar leve, ir fazendo o que dá, um pouco por dia, enquanto bota pra rolar um jazz na vitrola.

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