não é nada não, é só a tal da segunda

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De repente, no ítem noventa e três da listona de afazeres do dia, dá um cansaço e uma vontade de chorar. Pára tudo! Pára tudo! Chega por hoje, tá bom?

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Sunny

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Ela é uma meiga. Mora na guest house de um dos meus vizinhos e vem dormir na minha horta, no meio dos meus pés de tomate. Outro dia fui colher uns tomates e dei um berro quando vi uma carona me olhando. Pensei que fosse um ratão, mas logo sosseguei e sorri quando vi os olhos verdes da Sunny. Eu falo com ela e ela vem falar oi, estende as patas da minha perna, mia, ronrona, uma doçura. Falando com ela e passando a mão nela, percebi que ela é como o Misty, amputada nas patas da frente. Uma coisa triste que as pessoas fazem com os animais…. E como o Misty ela não poderia estar na rua, pois não tem como se defender. Ela tem dono, mas dá uma vontade de trazê-la para casa…. porém…
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O Roux, que é um gato extremamente amigável, fica enlouquecido quando a vê caminhando lentamente pelo quintal, deitada nos tijolinhos ou olhando os passarinhos nas árvores. Ele até se contorce, chora, fica nervosíssimo. Ela tem que ser apenas uma visitante e de preferência ficar longe das janelas e portas, de onde o Roux pode vê-la. Eu gosto dela, mas meus gatos não…….

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movie in the park

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Uma excelente idéia da prefeitura de Davis: mostrar filmes no parque. Fui com uma amiga e vimos The Wizard of Oz. O parque estava cheio. Nós levamos cadeiras dobráveis, uma cestinha cheia de coisas saborosas e curtimos rever esse filme clássico. Uma família atrás de nós cantava todas as músicas junto com os atores. O único problema é que já está fazendo bastante frio à noite e tivemos que nos agasalhar bem para enfrentar duas horas ao relento.

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nunca vou poder me juntar ao circo

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“algumas pessoas têm facilidade para fazer essa pose. essas com certeza poderão se juntar à trupe de um circo”

Convidada por uma amiga fui fazer uma aula de ioga. Ponderei e refleti por um dia, até resolver ir. Já tive experiências suficientes com ioga, desde quando me contorcia de macacão de malha azul turquesa numa academia em Campinas no inicio dos anos oitenta, passando por diversas outras academias em Piracicaba, Saskatoon e finalmente a derrocada no Experimental College em Davis, onde finalmente joguei a toalha e admiti: ioga não é a minha praia. Eu não tenho flexibilidade suficiente, não consigo fazer as respirações, não tenho equilibrio, nem concentração. Sou aquela que sempre está fazendo tudo ao contrário, caindo para o lado e olhando o que os outros estão fazendo com cara de espanto.
Mas pensei, não custa tentar mais uma vez. E fui.
As paredes espelhadas da sala denunciavam minhas emoções com relação àquela aula de contorcionismo. Até que eu fiz quase todas as poses, sem desmaiar, despencar de pernas prá cima ou soltar um peido. Mas não foi fácil. Minha cara demonstrava meu horror, espanto, choque, incompreensão. Como essa gente consegue? Ela quer que eu faça o quê? Nunquinha que eu vou colocar meu nariz no joelho! Jamais que eu vou contorcer meu corpo todo para trás dessa maneira! Jesus Cristo, que absurdo de pose escalafobética é essa?!!
Sobrevivi à mais uma tentativa de ser odara. Não sei por que eu insisto, já que está mais do que provado que eu não tenho vocacão nenhuma pra coisa.

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não comprei uma bicicleta

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Há tantos anos na cidade das bicicletas e nunca tive uma. Minto, tive uma quando cheguei aqui, mas aquela não conta porque foi traumatizante. Ganhei uma bicicletinha cor-de-rosa, que pertencera à uma baixinha, bem baixinha. Como eu pedalava nela era uma humilhação, toda curvada, joelhos batendo no guidão. Me livrei dela assim que pude e nunca mais pedalei.
Pensei muitas vezes em comprar uma bicicleta mais adequada para a minha altura, mas nunca comprei. Pesquisei, olhei, até escolhi o modelo, que seria uma cruiser de guidão alto. Pra ficar corcunda, andar à pé já basta.
No final das contas acabei ganhando uma bicicleta. Ela pertenceu à um rapaz bem alto, muito alto e então já pressenti que não teria problemas com pernas e guidões, correntes engrenando na calça jeans e, principalmente, a corcunda.
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Ela é uma bicicleta cruiser, exatamente como eu queria. Com duas cestas laterais pra carregar bolsa, casaco, comprinhas. Só que ela é antiga, do tempo do breque de pé. Isso mesmo, breque de pé! Custei pra acostumar. No primeiro dia que segui cruzando com ela pelas ruas de downtown para encontrar as minhas amigas no Ciocolat, a três quadras da minha casa, fiz todas as barbeiragens possíveis. Depois de todos esses anos atuando como pedestre ou motorista de carro, quando me vi livre achei que podia pedalar pela calçada, atravessar a rua como quisesse, como se eu estivesse à pé. Peguei a bike lane na contramão, dei umas boas bambeadas e quase distendi um músculo da perna montando e desmontando da bike – ela é realmente alta ou eu que desaprendi a montar e desmontar de magrelas? Tenho ido trabalhar com ela, pedalando toda pimpona pelo campus da UC Davis. Agora me sinto parte da cidade, onde não ter bicicleta é considerado meio anormal.

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bandidagem capim gordura

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Quando eu contei pra minha amiga que é moradora de Davis há mais tempo que eu, que tinha rolado um assalto à um banco em downtown na manhã daquele dia, ela ficou de boca aberta. Parece que não acontecia um forrobodó dessa espécia há muitos anos nesta cidade pacata. Um crime, dos bem barra pesada, com bandido de capuz e metralhadora entrando correndo e berrando isto é um assalto, passa a grana, quem se mexer morre!
Deu tudo certo para os meliantes até a hora da fuga. A bandidagem amadora não sabia que tem que mandar tirar o dinheiro das sacolas do banco antes de fugir e botar tudo num saco de plástico. É procedimento de rotina, mas ninguém sabia – nem eu, nem muita gente, muito menos os assaltantes – que os funcionários acionam um dispositivo, que todas as sacolas de dinheiro têm, que solta uma tinta vermelha melequenta, marcando o dinheiro e sujando o bandido. E pra piorar, quando o dispositivo explode, uma fumacê vermelha cega quem estiver próximo.
As testemunhas que viram a cena se disseram perplexos com a visão do carro azul cheio de fumaça vermelha, uma gritaria e quatro meliantes fugindo logo em seguida em trote desembestado à pé pela cidade. O dinheiro foi abandonado no carro. O banco naõ teve prejú.
E os assaltantes? Passaram correndo em frente da minha casa, se embrenhando em seguida pelos matos do Arboretum e do riacho. A polícia até que tentou correr atrás, mas não pegou ninguém. Fizeram aquela cena típica, fecharam as ruas com fita amarela de crime scene, revistaram a vila onde eu moro, um auê total. Eu não vi nem ouvi nada, pois estava distraída me preparando para ir nadar…….

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o passado não condena