o longo dia da semana sem fim do mês que não acaba

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Não sei o que fazer. Quando eu pedalo minha bike ela faz um barulho – peléctelecpetecpeléctelecpetecpeléctelecpetec – as pessoas estão notando. Eu não consigo ver o que é que está pegando e meu consertador de bicicletas está viajando. Quatro vezes por dia eu vou, eu volto, eu vou, eu volto, e o barulhinho chato firme -peléctelecpetecpeléctelecpetecpeléctelecpetec – está ficando constrangedor.
Fevereiro e agosto são normalmente os meses mais longos do ano. Neste ano janeiro bateu o recorde da lerdeza e este agosto já está desbotado de tão gasto, não aguento mais nem olhar. Mas hoje acaba, graçasdeus. Espero que com ele acabe também a novela infâme do meu verão.
Sou uma pessoa esganada, gulosa, olho maior que a boca, como dizia a minha mãe. Compro tudo o que vejo e que parece bom e interessante. Podem chamar isso de experimentalismo.
Uma coisa que me dava nos nervos era quando eu via o Gabriel se rebolando e se contorcendo todo, dizia vai fazer xixi guri, e ouvia como resposta um não tô com vontade. Agora faço uma coisa parecida, deixando a ida ao banheiro para o último segundo e depois me desabalo campus afora, em total desconforto e desespero.

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as oito verdades

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A querida Yara me jogou a peteca, então aqui estão as oito mais importantes verdades sobre mim:
ichi – sou preguiçosa
ni – sou fiel
san – sou gentil
si – sou distraída
go – sou preocupada
roku – sou vaidosa
sichi – sou chorona
hachi – sou dedicada

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Um grave problema com nomes

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Aqui eu ainda tenho uma desculpa para os meus embananamentos com nomes. Não é fácil colocar todos os jotas com os agás, tês com esses, os dáblius com ipisilones e ter sempre os Jim, Janet, Dave, Mitch, Susan, Steve, Marylou, Jon, Judith, Carl, Pete ou Martin na ponta da língua. Mas quando o problema já é recorrente, até na língua mãe, há de se convir de que o caso é mesmo perdido.
A Dona Lucy costurava pra mim nos anos que morei em Piracicaba. Ela tinha uma paciência de jó, era um doce de pessoa, sempre muito educada e gentil. Eu levava meus panos e minhas idéias malucas pra ela, que coçava o queixo, ficava com uma cara de quem estava prestes a afundar num poço de areia movediça, mas sempre respirava fundo seguia em frente com coragem e determinação e fazia tudo o que eu pedia, por mais esdruxúlo que fosse o pedido – e eles sempre eram. Eu adorava a Dona Lucy com seu jeitão simpático. Fui fregueza dela por anos, sempre falando Dona Lucy, Dona Lucy, levei até a minha mãe e irmã lá, que vinham de Campinas trazendo os panos para a Dona Lucy transformar em lindas roupas. Eu já estava de mudança, cascando fora de Pira e do Brasil, quando descobri que o nome da Dona Lucy não era Lucy… Era um nome totalmente diferente. E eu nunca entendi como foi que comecei a chamá-la de Lucy, nem por que, e à aquela altura do campeonato nem adiantava mais tentar remendar. Fui me despedir da Dona Lucy, chamado ela de Lucy, um equívoco que ela nunca, nunca, nunca contestou.

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Um dia perfeito

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Um dia em que se pode caminhar pelo campus da universidade para esticar as pernocas, às três da tarde, sem suar, vestindo camiseta, calça jeans e tênis. Um dia que começou com doze graus e não vai passar dos trinta. Um dia pra se deixar as janelas da casa abertas. Um dia para sentar no banco da praça e lamber um sorvetão ou beber vinho nas mesinhas da calçada de um restaurante. Sem falar que é um dia sexta-feira!

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Vamos esclarecer isso muito bem esclarecido

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Não é que ela não goste de você. Não é nada disso! Mas bem que ela preferiria que você fosse mais mal vestida, tivesse um cabelo mais desgrenhado, não tivesse um bom emprego, não escrevesse muito bem, não tivesse todas aquelas habilidades, não tivesse chegado primeiro, não pudesse contar com alguém, não opinasse, não se sobressaisse, não contasse, não aparecesse, não existisse.

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O que você está fazendo agora?

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Ando me sentindo desgastada com um monte de coisas. Uma delas são as notícias. Leio chamadas pelo feedreader, mais por hábito do que por real interesse. Quase tudo me cansa, me chateia, me angustia, me deprime. O que sobra me faz rir. Talvez seja por isso que eu ainda insista. Veja se é possível não soltar uma gargalhada lendo uma chamada como esta – Fábio Junior paquera Ivete Sangalo em Barretos. Fábio Junior, Paquera, em Barretos. E quem é Ivete mesmo?

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o trem das oito e meia já passou

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Eu só quero falar de filmes e comida. Outro dia encontrei um cara, um professor, e no meio da conversa puxei um exemplo de filme – sabe como, igual acontece naquele filme? Ele fez uma cara de ué. Claro que não sabia. Eu assumo que todo mundo viu os filmes que eu vi, portanto posso incluí-los nos exemplos pra conversas. Vai, minha filha, vai ser Seymour na vida…
Fico cansada do final de semana. Sábado à noite, sete horas pra ser exata, eu queria cama. Tenho saudades nas nossas pequenas viagens de carro.
Se eu não escrever mais frequentemente, este ano vai ser o mais escasso de todos os que este blog já registrou.
Vou te falar, adote um gato ou um cachorro dos abrigos, das associações protetoras, esses que foram abandonados, que sofreram, passaram fome, precisam de um lar. Não compre um animal que nasceu pra ser vendido.
Fui comprar uns ingredientes na lojinha internacional e uma senhorazinha que parecia saída de um livro – ou de um filme – puxou assunto comigo. Ela queria saber o que eu iria fazer com o xarope de romã e perguntou se eu frequentava a International House e se eu conhecia a fulana e a beltrana, e eu respondi que sim, claro que conhecia. Ficamos conversando, eu toda de preto e curvada, ela bem pequena e vestida de azul pastel, sorrindo. Saí da loja tão feliz, como se tivesse reencontrado uma velha conhecida.
Eu adoro caminhar em downtown no sábado pela manhã, entrar nas lojas, olhar, sair. Depois ir ao Farmers Market, comprar tudo o que eu gosto, voltar carregada com sacolas de frutas, flores, um sacão de pipoca e chupando um picolé de limão com abacate.

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cause the whole world loves it

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The Dirty Dozen Brass Band veio de New Orleans para tocar uma mistura de jazz, funk, rhythm and blues e reggae no gramado do Quad na UC Davis. O show foi até tardão e o povo dançou a beça. Eu sinceramente não prestei muita atenção nas músicas, pois estava mais entretida bebendo sangria, comendo brownies e conversando animadamente com as minhas amigas. Esse foi o último evento de verão promovido pelo Mondavi Center. Agora só no ano que vem.

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o passado não condena