o longo dia da semana sem fim do mês que não acaba
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Não sei o que fazer. Quando eu pedalo minha bike ela faz um barulho – peléctelecpetecpeléctelecpetecpeléctelecpetec – as pessoas estão notando. Eu não consigo ver o que é que está pegando e meu consertador de bicicletas está viajando. Quatro vezes por dia eu vou, eu volto, eu vou, eu volto, e o barulhinho chato firme -peléctelecpetecpeléctelecpetecpeléctelecpetec – está ficando constrangedor.
Fevereiro e agosto são normalmente os meses mais longos do ano. Neste ano janeiro bateu o recorde da lerdeza e este agosto já está desbotado de tão gasto, não aguento mais nem olhar. Mas hoje acaba, graçasdeus. Espero que com ele acabe também a novela infâme do meu verão.
Sou uma pessoa esganada, gulosa, olho maior que a boca, como dizia a minha mãe. Compro tudo o que vejo e que parece bom e interessante. Podem chamar isso de experimentalismo.
Uma coisa que me dava nos nervos era quando eu via o Gabriel se rebolando e se contorcendo todo, dizia vai fazer xixi guri, e ouvia como resposta um não tô com vontade. Agora faço uma coisa parecida, deixando a ida ao banheiro para o último segundo e depois me desabalo campus afora, em total desconforto e desespero.