high pitch

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Eu trabalho com duas pessoas com vozes altíssimas. Quando eles vem falar comigo, que felizmente não é um acontecimento frequente, minhas respostas e comentários desaparecem no meio da gritaria involuntária. Todo mundo escuta o que eles têm pra me dizer,o que muitas vezes não é assunto que interessa à todos. Eu nunca tinha convivido com gente de voz tão alta antes. Sou casada com o homem com a voz mais suave do planeta. E eu tenho uma voz razoavelmente baixa. Eu e o Uriel conversando não levantamos suspeitas, ninguém nem nota. Quando ele me telefona eu preciso pedir pra ele falar mais alto. E em restaurantes, ele sempre recebe coisas que não pediu ou não recebe o que pediu, porque ele fala realmente baixo e pra dentro, além de ser um pouquinho confuso nesses casos de escolher o que pedir em restaurante, tvamos admitir.
Numa das minhas caminhadas pelo campus passei por uma duplinha conversando numa esquina. Ela magrinha, ruivinha, bem bonitinha, parecendo que saiu de um episódio dos Waltons. Ele alto a bem moreno, com um chapéu enorme mal ajambrado numa cabeça maior ainda. A risada abafada dele ao fundo era o único indício de que ele participava do diálogo, que estava totalmente dominado pela voz ardida da ruivinha. Que voz alta! E ela falava como uma metralhadora giratória.
Se eu tivesse que conviver com uma voz alta e estar sempre exposta à uma matraca sopraníssimo, não sei como iria ser.

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