alguma coisa está fora da ordem

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Meu mau humor matinal é conhecido e notável. Por causa dele eu acordo muito mais cedo do que precisava, para ter tempo de me recompor e chegar no trabalho com uma cara apresentável e um ânimo mais apropriado para me integrar civilizadamente com outros humanos. Eu não faço nada antes de beber uma xicarazona de café com leite morno e sem açúcar, depois ler e-mails, mordiscar uma bolacha, tudo feito no escuro e em silêncio. Só depois desse período de reajustamento no planeta dos acordados, com os neurônios reconectados, é que eu vou tomar banho, decidir roupa, depois fazer a lancheira, porque meu café da manhã não é suficientemente robusto para me sustentar até a hora do almoço. Meu ritual matinal leva quase uma hora e meia, até que eu finalmente possa montar na minha bicicleta e pedalar pelo campus para iniciar o meu dia.
O que acontece quando a rotina é interrompida e invertida, numa fatídica manhã quando o relógio não tocou, porque o cabeção esqueceu de armá-lo na noite anterior? Correria, pânico, caos, incredulidade, amargura! Invés de descer pra beber tranquilamente o meu café, entrei no chuveiro e depois desci correndo para preparar a lacheira—e donde estava a lancheira? ela tinha passado a noite na bicicleta, com um pote de iogurte dentro e a casca da banana congelada—pra poder tomar café no trabalho. Montei na minha bicicleta e pedalei pela neblina densa e gelada, de cara amassada, estômago vazio, um humor que já tinha apodrecido de tão amargo, os olhos lacrimejantes de estupor e insatisfação. Não sei como cheguei no trabalho, não sei como estacionei a bike, não sei como consegui articular um good morning pros meus colegas, não sei como lembrei da senha para entrar no meu sistema, não sei como encontrei uma caneca maior no armário, não sei como enchi ela de água quente e fiz o café com leite morno e sem açúcar. Não sei como desembrulhei e mordi as torradas—eu consegui colocar duas fatias de pão de passas com canela na torradeira e embrulhar em papel alumínio?
Uma hora depois, uma xícara de café com leite sorvida, duas torradas mastigadas, a amargura foi desaparecendo, fui abrindo os programas e iniciando minhas tarefas, liguei a música, olhei pela janela, vi as bicicletas passando, o sol que começava a despontar por detras dos prédios, a neblina finalmente tinha se dissipado, da cidade e da minha cabeça.
»mais um texto de lá pra cá.

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  • Fezoca, fiquei curiosa p saber o q vc coloca na sua lancheira! Ai, q saudade da minha merendeira de escola!
    Olha, depois de quase 1 mês, consigo acessar o chatterbox, pois vinha uma mensagem super estranha de vírus. Só conseguia acessar o chucrute. Mas felizmente consegui resolver isso hj, e volto a ter o prazer de te ler.
    obrigada pelo carinho lá no orkut. A foto é de um restaurante de fondue em Visconde de Mauá.
    Milhões de beijos!

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