tá um dia bom pra [re] começar?

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Depois que li o livro da Ruth Reichl, Not Becoming my Mother, fiquei um tanto grilada com a falta total de registro sobre a minha vida. Joguei fora todos os meus diários de adolescência, minhas cartas salvaram-se uma ou outra, quase não escrevo mais neste meu blog pessoal e o twitter é apenas uma boa ferramenta para se jogar palavras escritas ao vento. E minha preocupação é realmente deixar coisas escritas, já que não sou fotogênica, nem tenho talento pra filmes. Como meu filho vai se virar pra remontar minha vida, se não houver esse tipo de registro? Como ele vai saber como eu realmente me sentia e pensava e o que realmente aconteceu? Como ele vai poder me redescobrir, como a Ruth redescobriu a mãe dela?
Concordo que ainda estou ativa registrando algumas coisinhas, mas blog sobre o que eu comi e o que eu queimei ontem daria, quanto muito, um livro de receitas—As Comidas da Minha Mãe. Ou melhor—As Comidas e os Desastres na Cozinha da Minha Mãe.
Minha vida entrou numa rotina tão chata, que realmente não tem o que registrar. O que há de divertido e pitoresco num dia que se resume por trabalho—casa—trabalho—casa. Venho maturando uma idéia e gostaria muito de conseguir me organizar o suficiente para me comprometer fazendo um desses projetos tri-bacanas de publicar uma foto por dia, durante um ano. Ou pelo menos uma foto por semana. Mas teria que ser uma foto significativa, ela teria que contar alguma coisa sobre mim, desvendar algo do meu dia.
Estou me sentindo um pouco suspensa no ar, sem um chão firme pra pisar. Voltei a nadar em outubro e mal posso crer que sou eu mesma indo nadar todo final de semana, faça chuva, névoa ou frio. Pela primeira vez na vida atravessei o inverno nadando. Foi também a primeira vez na vida que fiz tantas viagens de avião, duas internacionais e duas domésticas num único ano. The times they are a-changin’. Embora a minha mente só consiga realmente se concentrar em comida, além dos filmes antigos, do blues e rock ‘n’ roll, tenho conseguido divagar em outras direções de vez em quando. Hoje tenho que sair para comprar pão e leite. E ainda não sei o que vou fazer de jantar.

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365 – um dia | uma foto
  • Acabei de conhecer seu blob por meio de um post do Jornalista Alexandre Sena intitulado blogs históricos. Curiosamente, deparei com seu comentário de que você anda grilada com a falta de registro da sua vida. Sou portanto testemunha de que suas palavras não estão simplesmente perdidas no vento, mas fazem parte importante da blogosfera e servem de estímulo para aqueles que, como eu, acreditam que este admirável mundo novo contribui para aproximar as pessoas, mesmo que as distâncias físicas sejam enormes. Beijos no coração,
    Alfredo Costa

  • Oi Fer.
    Deparei com o Chucrute com Salsicha por meio do simplyrecipes que tenho no meu iGoogle. Sue site é fantástico. Bom gosto, apetitosas fotos, e o que é muito raro na web: um texto cativante! Eu gosto de cozinhar e de tirar fotos à moda antiga. Sonho um dia em fazer um diário-foto-pinhole, se me for dado tempo e perseverança, que diário meu nunca passou de três dias.
    Obrigado pelo lindo site!
    Márcio

  • Olá, Fernanda!
    Descobri hoje o seu blog “Chucrute com Salsicha”. Adorei e adorei a forma como escreve! E a história da receita da sua mãe é fantástica!:)
    Quanto ao seu filho não ter dados para, como diz, “remontar” a sua vida, não me parece verdade. Se já deixou tanto dela no que escreveu!
    Continue, por favor, pois vou voltar aqui muitas vezes!
    Obrigada!
    Cristina (Portugal).

  • Por enquanto eu ainda tô longe disso porque com filhos adolescentes a gente não tem rotina. Mas daqui a pouco eu chego nessa fase. Aí espero ter tempo pra terminhar o livro da minha vida, que comecei em 2008. Mas eu sei do que vc tá falando, Fer. Casa-trabalho-casa, tirando fora as preocupações que os filhotes trazem, eu vivo a mesma rotina, sem saber o que vamos comer à noite e tralala

  • Por enquanto eu ainda tô longe disso porque com filhos adolescentes a gente não tem rotina. Mas daqui a pouco eu chego nessa fase. Aí espero ter tempo pra terminhar o livro da minha vida, que comecei em 2008. Mas eu sei do que vc tá falando, Fer. Casa-trabalho-casa, tirando fora as preocupações que os filhotes trazem, eu vivo a mesma rotina, sem saber o que vamos comer à noite e tralala

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