epifanias
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Não tenho nada pra dizer sobre Natal porque não me preparei, acho que nunca mais vou me preparar. Enchi enormemente disso tudo. Ainda fazemos árvore por causa do meu marido. Os enfeites são os mesmos que comprei quando mudei pra Woodland e meus sobrinhos vieram me visitar. Os enfeites comprei pra eles e acho que vou usar pra sempre. O resto é tudo mecânico, coloca as coisinhas, as bolinhas, os enfeitinhos, cada ano ponho menos. Meu marido é quem faz questão das luzinhas. Este ano quis uma árvore simples, pequena, sem muitos galhos. não achei guirlanda natural pra porta, ficou sem.
Queria refazer algumas comidas que comia na casa dos meus pais. Era inevitavelmente um carneiro assado e uma panela de cabrito à caçadora. Falei com a minha mãe sobre isso e fui atrás de uma receita pro cabrito. Foi então que tive o choque da minha vida—o cabrito é o filhote da cabra, um baby goat! Era isso que comíamos no Natal, um bebê! Fiquei tão aparvalhada, não conseguia me conformar. Alguém me disse—alguns cabritos são malvadinhos, tenho certeza que você comeu um deles e não um dos fofinhos. Na verdade eu mal comia o cabrito, eu gostava mesmo era do molho, com tomate e vinho, onde eu molhava o pão. As recordações dessas comidas ficarão, mas a realidade é que não posso mais com isso de comer esses bichos fofinhos, fodam-se as tradições, neste ano vou fazer uma bacalhoada.
Queria entender por que o Natal dá tanta melancolia. Eu tive bons Natais dos quais ficaram ótimas recordações. Mas tive alguns Natais tristes, como o último que passei no Brasil, com meu pai doente. E os inúmeros quando eu queria estar onde não era mais possível estar. Me conformei, me adaptei e hoje vivo com o que posso ter. Agora meus Natais são quietos, eu cozinho, a gente acende a lareira, ouvimos jazz antigo. Uma das minhas melhores lembranças de Natal foi quando passei sozinha com o meu marido. Ficamos o feriado inteiro só nós dois, sem festança, sem gentarada. E foi muito bom, como deveria sempre ser.
1 Comment
😀 ri muito com o bebé 🙂
O Natal está psicologicamente estudado, o espírito existe mesmo e dá aquela coisa de amor ao próximo e nostalgia. Não entendia e fazia-me imensa confusão gente que queria passar o natal sozinha. este ano, pela primeira vez, o meu pai não está connosco e agora entendo toda a gente que quer fugir do Natal. Por esse motivo e por outros. tb é a época do ano em que há mais suicídios. acho que há mais consciência da nossa solidão, condição, não sei bem.
feliz de ter te reencontrado. adoro o teu blog, desde sempre.
Bjo e santo natal, como o quiseres, na verdade <3
Isa (ex-eça é que é essa 😉
R: que bom te ler aqui Isa! um beijo enorme pra você! :-*