quase passou

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“I must go home periodically to renew my sense of horror.”
~ Carson McCullers

Sonhei que comia uns pedacinhos bem minúsculos de carne e a minha repugnância era incontrolável. Estou muito feliz por ter pulado fora desse circo de horrores. Nenhum gosto na minha boca [que nunca nem curti] vale tanto sofrimento alheio. Estou vendo Street Food e estou gostando das histórias pessoais, mas o jogo mudou pra mim de tal maneira que ficou impossível não perceber os animais. E sinceramente isso não tá mais divertido.

Um perfil no instagram começou a me seguir, fui olhar e a pessoa cozinha com insetos. Vi um prato cheio de larvas, outro com algo que parecia arroz com gafanhoto triturado. Fechei tudo horrorizada e repugnada, mas dividi o link com meus colegas de trabalho.

A conversinha foi mais ou menos assim:

eu—você quer trazer um queijo bem salgado [pra vocês] e eu trago os figos em calda na segunda pra gente saborear todos juntos?

pessoinha se fazendo de tonta—ah, preciso fazer bolachinhas neste final de semana, onde será que encontro sementes de……

eu—okay, vou pedir pra outra pessoa trazer o queijo e eu trago os figos pra dividir.

Caraleos, phoda-se então, né? [e não levei figo nenhum pra dividir com ninguém]

Meu chefe queria me trazer umas plantas e eu—minha casa é o San Quentin das plantas, entrou aqui, vai morrer.

Os tomates já estão plantados nos campos agrícolas da minha região.

Caminhar pra mim é o maior desestressante. Minha vizinhança é tão arborizada, com árvores centenárias e agora são tantas flores, é uma coisa inebriante. E ainda tem os gatos e os cachorros, pra quem eu sempre tenho uma palavrinha e um aceno.

Meu mantra tem sido—vai ficar tudo bem, com todo mundo.

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[ wink ]

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o passado não condena