( ( r e l i e f ) )
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Quatro anos atrás eu estava desolada com toda razão. Sou uma democrata progressista e sabia que os próximos anos seriam um show de horror, mas acho que ninguém imaginou o fundo do poço em que chegaríamos. Quatro anos depois, a criatura medonha foi derrotada e [tchan rãn!] não aceita a derrota. Esses quatro anos me deram uma oportunidade de aprender muita coisa, sobre política e sobre os seres humanos. Se eu tivesse que destacar uma coisa boa disso tudo, seria a minha educação política. Porque sem conhecimento viramos essas pessoas que acreditam em mentiras e vivem numa realidade criada por monstros ambiciosos e oportunistas. Então tenho um pouco mais de conhecimento pra entender que a recusa em aceitar a derrota não é apenas uma característica de uma personalidade narcisista e sociopata, mas é parte de várias jogadas políticas muito sujas.
Tivemos dias de muito estresse coletivo, esperando os números serem somados. E a possibilidade de 2016 se repetir. Disso nunca vou me esquecer.
Tenho memórias diluídas das vitórias do Obama, da primeira, porque registrei muito superficialmente e na segunda porque estava sozinha em casa e apenas chorei muito de alívio quando foi anunciada a reeleição. E os oponentes dele na época, que pareciam tão assustadores, são hoje um herói morto e um pateta que acho que até quer fazer algo honroso e não consegue. Nada comparado com a corja que se tornou hoje o partido republicano.
Desta vez quero fazer um esforço maior de registrar na memória todo o sufoco, as mentiras, as manipulações, a tensão de não saber o que iria acontecer e no final, apesar do alívio, a grande decepção de não ter sido uma “lavada” e o choque de perceber que o trabalho de manipulação das massas está funcionando tão bem que gente demais votou para o bandido ter um segundo termo.
Eu sei que essa semente demoníaca foi plantada e ainda vai gerar muitos frutos podres, trazer muitos set backs e backlashes. Mas também sei, agora mais do que nunca, que organização, dedicação e trabalho em pró da democracia também frutifica e traz mudanças. Já podemos respirar um pouco, cientes de que os vilões não estão mais vencendo todas as batalhas com tanta facilidade.
Biden foi o segundo presidente que elegi na vida. O primeiro foi o Obama. Nunca elegi nenhum brasileiro.
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