pipoca aqui, pipoca ali, pipoca lá e acolá

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Estou vestindo uma calça marrom de corduroy enorme do meu marido, porque estou numa fase horrorriver—não tô suportando roupa nenhuma, nem roupa de baixo, nem roupa de cima. Às duas da tarde tudo me incomoda e a minha vontade é arrancar tudo, vestir uma túnica branca de linho, daquelas iguais a de personagem louca de filme hiper realista, e sair correndo pelo campo de grama verde em câmera lenta, com os braços abertos e a cabeleira esvoaçante.
Tenho que ouvir o Pandora ou o ITunes ou o IPod quando o meteorologista chega com o lanche dele, que ele devora na frente do computador, provavelmente ensebando todo o teclado, pois ele só come junk food. Eu também precisava ter um nosephone ou uma máscara de oxigênio para não precisar sentir o cheiro do que ele come. Hoje parece feijão queimado. Eu sou uma pessoa que gosta de cozinhar com ingredientes de qualidade e comer coisas saudáveis. For Pete’s sake, que raios de gororoba é essa. Só sei que ele compra, em algum lugar, no campus. The hazards of eating. Peligro Will Robinson, peligro!
O Pandora é legal, mas às vezes você começa ouvindo Beatles e quando se dá conta está poluindo as orelhas com The Goo Goo Dolls.
Fui fazer minha limpeza dentária e recebo mil elogios. Tenho os dentões mais bem escovados, fio dentalizados e higienizados de todo o condado. Mas isso não quer dizer nada—quer dizer—quer dizer que limpeza não ajuda quando os genes não ajudam. Mas não vou reclamar. Não vou reclamar. Não vou reclamar.

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mais bela do que eu

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Tiramos fotos uma da outra. Ela me enviou as minhas e eu chorumelei com horror a visão dos meus 397186 dentões e o perfil egipcio proporcionado pelo meu narigão. Enviei as fotos que tinha tirado dela, comentando minhas angústias e elogiando a fotogenia dela. Ela respondeu que não era nada disso, que eu era linda de todos os ângulos, mas com certeza ela precisava perder dez quilos e também gostaria de não ter aquelas bochechonas e o cabelo tão eriçado. Eu nem respondi, só pensei que life is a bitch e ninguém realmente está contente com o que tem ou com o que é.

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e assim caminha a humanidade

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U—você conhece o Lenny Kravitz?
F—sim, conheço.
U—ele é famoso?
F—é. por quê? ele morreu?
U—muito famoso?
F—acho que sim. ele morreu?
U—não, ele está cantando no super bowl.
F—super bowl?
U—american woman…
F—super bowl??
U—o canadian super bowl.
F—CANADIAN SUPER BOWL???
U—é!
F—suspiro…

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hora do chá com bolacha

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Será que é síndrome de final do ano esse cansaço descomunal que eu ando sentindo de tudo? E os ímpetos de mudar, apagar, transformar, dar uma volta e seguir em direção contrária?
Num dia de vento, como hoje, as pessoas tendem a sentirem-se confusas. Eu não escapo. Ficamos eu e ela ziguezagueando. Estou um caos, descabelada, com a acharpe desarranjada. As pedaladas estão sendo difíceis. Vou de casacão, mesmo vendo algumas pessoas que ainda insistem na camiseta e no chinelo de dedo.
O que mais eu ouço os estudantes falarem nos celulares é como eles se deram mal na prova, como eles estão ferrados pois nem começaram a escrever o trabalho com data de entrega pra depois de amanhã.
Estou tentando ir devagar, desacelerando, pra poder pegar o pique do feriado. Eu gosto muito desse feriado que está chegando, que eh o dia de Thanksgiving.

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o urso

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o passado não condena