A straight line exists between me and the good things

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Neste momento chove canivetes. Será essa chuva e esse friozinho úmido a última bufada do inverno na nossa cara? Nessa época maravilhosa do ano, quando flores brotam abundantemente, animais também parecem estar no processo de multiplicação. Numa caminhada pelo arboretum, vejo tantos patinhos acompanhados de suas irritadas e protetoras mãe patas. Eles são bonitinhos. Também avisto dezenas de lebrezinhas, filhotinhos de jack rabbit. Sei que eles são uma praguinha, mas jesuizcristo, como são fofinhos! Dá vontade de correr atrás, num impulso nada recomendável. Ontem vi um esquilo perseguindo o outro – pensei logo no Misty e Roux. Só que no caso dos esquilos, o perseguido tinha um acorn na boca. Quem tem a posse do acorn que se cuide!
Eu vivo na bolha bucólica, cheia de flores, patinhos, coelhinhos e esquilinhos. O que posso saber da vida?

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a fashionable bad day

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Pois então. Cheguei atrasada no trabalho, de tanto que troquei de roupa antes de sair de casa. E mesmo assim não estou contente com o que estou vestindo—na verdade estou descontentíssima. Ainda tenho a chance de tentar consertar o estrago na hora do almoço, mas me sinto realmente uma fútil trocando de roupa no meio do dia, só por que encasquetei. Porque realmente não faz diferença alguma. Se eu estiver vestindo um saco de batata, sapato de sola de pneu de trator e chapéu de palha de dois mirréis, ainda vou ser a mais elegante e moderna da parada, pois a maioria do pessoal que trabalha comigo não compra uma peça de roupa nova desde a década de oitenta. Ou compra na loja de usados, vintage da década de oitenta. Ou simplesmente herdou tudo de um primo/prima que morreu na década de oitenta. Mas eu, perfeccionista e vaidosa, não estou contente com o meu visual de hoje, que pra completar incluí uma cabeleira que resolver armar—eu disse ARMAR, tão ligados? Cabelo armado é razão suficiente para “call in sick” e se esconder, até a kanekalon resolver finalmente baixar.

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a grama é verde–verdíssima

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Lá pelas três da tarde, depois que envio meu pacote de publicação do dia, saio para uma longa caminhada. Preciso esticar as pernocas, arejar. Tento fazer isso duas vezes por dia, mas normalmente acabo fazendo só nesse horário da tarde. Dou uma volta enorme pelo centro do campus, circulo uma área bem extensa de gramado, chamada de Quad. Agora que os dias estão prazeirosos e bonitos, a grama fica salpicada de gente, deitada, sentada, dormindo, estudando, comendo, usando o computador, conversando, jogando frisbee ou bola. Gosto da maneira com que as pessoas aproveitam as áreas verdes, os gramados. Muitos, a maioria estudante, nem usam uma coberta, nada. Sentam direto na grama gelada, tiram os sapatos, relaxam.
Domingo caminhei pelo arboretum da universidade na hora do almoço. São três milhas de pista dupla ladeando um riacho bem comprido, onde tem patos, tartarugas. E uma vegetação extensa com espécies de todos os lugares do mundo, árvotes, arbustos, todo tipo de plantas, flores, e grama, muita grama, espaços enormes de gramado que se estendem para os lados do campus. Nesse domingo cruzei pelo caminho com muitas famílias, casais de namorados ou de idosos, gente com cachorros, bebês no carrinho, todo mundo feliz e sorridente, aproveitando o dia lindo. Nos gramados havia gente dormindo, lendo, namorando, tomando sol, e muitos fazendo picnics, uns com cestinhas, outros com coolers, e ainda os improvisados com take outs de restaurantes ou supermercados. Gosto muitíssimo da maneira com que as pessoas aproveitam as áreas verdes, os gramados. Vejo com simpatia esse despojamento, esse jeitão “nonchalant” de fazer uso intensivo das áreas públicas, aproveitar a natureza, o sol, e deitar e rolar.

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bichos

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Caminhando pelo Arboretum, vi aquele cavalo no estábulo balançando a cabeça pra lá e pra cá, pra lá e pra cá, num ritmo constante. Até caminhei com o corpo virado pra poder olhar por mais tempo, pois ele não parava—cabeça pra lá e pra cá, como se estivesse dançando, ouvindo música no IPod.
Primavera, lindas flores, vento, mosquitos voando na direção da minha boca, colam no batom, gasp, cusp. E um deles voou pra dentro do meu olho—do olho! Pensem bem nisso.
Tenho pavor de pensar que aranhas viúvas negras estão morando na minha casa. Vi uma aranha na minha horta no ano passado. Ela era preta com um corpo meio avermelhado. Achei que era uma viúva. Pirei! Hoje vejo uma semelhante na minha cozinha, indo pra debaixo de um armário. Pirei em dose dupla, dentro de casa! E os gatos, cadê aqueles vagabas que deveriam estar caçando bichos invasores? Tenho que matá-la, tenho que matá-la antes que ela desapareça! Joguei rapidamente uma folha de papel toalha em cima da aranha e …PLEFT, pisei em cima. Que sensação HORROORRRIIVERRRR! Eu não sirvo pra matar nada—nem aranha, nem barata, nem formiga. Sou uma bocó mesmo.

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comfy

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Eles A-DO-RA-RAM!
Cada um na sua— o Roux na vermelha, o Misty na azul. Se bem que o Roux, vocês já sabem, faz o Misty sair da caminha dele e entra só pra dizer que pode. Mas tirando essas pequenas travessuras, está cada um na sua, ora esparramados, ora encaramujados, sempre com aquelas caras blasés de gatos mimados.
Por que não pensei nisso antes?

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um estilo que é meu

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Quando vi a foto desse look no The Sartorialist, parei, como se para na frente de um espelho. Esse é o meu estilo, sem tirar nem pôr. Não sou eu, mas poderia ser, se eu morasse em Milão, e ainda tivesse a idade dessa menina.

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No meio da couve-flor tem a flor, tem a flor

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Que além de ser uma flor tem sabor…ôô
O inverno voltou, com ventania. Choveu florzinhas, que caiam de todas as árvores, espalhando uma densa camada de pétalas delicadas pelas ruas. Choveu granizo que, como toda chuva de granizo, atraiu as pessoas às portas e derreteu em minutos. Ventou muito, fez frio e fez sol, confundindo os passantes, que nunca sabem como se vestir apropriadamente nesses dias de transição.
O jantar foi uma fatia de pizza e um kiwi. Corri. Banho. Maquiagem. Brincos que só saem da caixinha em raras ocasiões.
Foi meu único show da temporada de inverno. Digam que foi sorte, ou pauzinhos sutilmente mexidos a meu favor. Eu não ando trabalhando muito no Mondavi Center, porque à noite estou sempre cansada, e quero tentar caminhar e tentar cozinhar, ler, ver um pedaço de filme. Mas me enlistei para trabalhar na apresentação do Gilberto Gil.
Tudo me parecia uma miragem— numa noite fria de primavera em Davis, o ícone da Música Popular Brasileira que embalou nossos anos de adolescência e inicio de vida adulta, bem ali no palco, cabelos grisalhos longos em tranças, túnica e calça branca, cantando Maracatú Atômico. Foi um show longo, delicado e bonito. Fui dormir tarde e estraguei o meu dia seguinte. Mas quem disse que não valeu a pena?

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e tem também os patos

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Esquilinhos saltitantes, patinhos quaqualantes na linda cidade de Davis. Os esquilos eu já disse—são uma praguinha, apesar de bonitinhos. Todo santo dia eu quase atropelo um com a minha bicicleta. Ou ele quase me faz ter um acidente. Outro dia ficamos, eu e o esquilo, naquele impasse, vai não vai, pra onde mesmo, páro ou viro, sigo ou retorno? Até que eu pedalei em frente e fiz o xingamento oficial: praga dresgranhenta!
Os patos também são dignos de nota. Já sairam até no jornal O Globo! Eles residem na cidade onde os carros param para eles atravessarem a rua. Mas pérai, o que os patos estão fazendo atravessando a rua? Pois é, vejam se não é uma praga. Eles pertecem ao Arboretum da UC Davis, onde eles têm riachinho, comidinha, morrinhos, arbustos a vontade. Mas eles estão felizes lá? Claro que não. Uns patos rebeldes resolveram explorar outros territórios, então eles andam pela cidade, atravessam a rua, a avenida, vêem dormir na grama do meu jardim, fazer seus totôs e infernizar a vida da gente com seus quacks. Vejam bem, esses patos são mimados, eles são metidos, eles quackam pra você, de maneira agressiva quando você passa por eles. Se bobear eles te bicam. Mas o pior é o caos que eles causam no tránsito da cidade. Toda hora tem lá um micro engarrafamento, porque um casal de patolinos resolveu atravessar a rua da maneira mais tranquila, e às vezes indecisa, do mundo. Todo dia eu vivêncio ou observo uma cena dessas, que é uma fonte de angustia para os motoristas, que precisam tomar o máximo de cuidado para não acabar fazendo um splosh-splash numa dessas criaturas.
Não é realmente bucólico?

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o passado não condena