yawn…..

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Estou, devagarzinho, superando o famigerado jet lag. Ontem e hoje consegui dormir até às sete da manhã. Vitória! Acordar às quatro da matina não é nem um pouco divertido, também porque às seis da tarde já se fica querendo deitar. Pra mim, as voltas das viagens são as que mais me dão trabalho. Na ida, porque estou passeando, a adaptação é menos pesada.
Mas peloamordedeus, onde que eu fui amarrar o meu burro, hein? Eu moro longe pra caramba da civilização ocidental!

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snapshots

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Terminei um projetinho que comecei antes de viajar. Uma parede da sala, que vesti com quadrinhos de postais europeus do começo do século vinte. Vi algo similar numa revista e fiz a minha adaptação com molduras super baratotais de uma lojeca de departamentos, que eu repintei com tinta spray prateada. Os postais eu comprei numa loja de antiguidades. Eles são maravilhosos e me fascinam. Gosto especialmente dos que foram enviados – com nome e endereço do destinatário, sêlo, carimbo com data e as impressões do remetente viajante, que descreve em algumas poucas linhas com letra rebuscada em tinta de pena as suas impressões dos lugares visitados.
Também coloquei em moldura uma foto imprimida em papel comum, que achei no meio da bagunça dos meus armários quando eu estava tentando dar uma organizada geral. Tentei imprimir duas fotos de slides antigos que meu pai digitalizou uns anos atrás. Não ficaram perfeitas, mas ficaram interessantes. Uma delas já estava emoldurada, faltava a outra.
Nem sei descrever o quanto eu gosto de fotos. Se eu tiver que escolher entre uma exposição de pinturas e outra de fotografias, nem vou hesitar em escolher a segunda opção. Aqui onde eu escrevo estou rodeada por fotos, em molduras, sobre os móveis, penduradas nas paredes, pregadas com tachinhas em um painel, coladas com durex nas portinhas do meu desk, socadas em caixas, empilhadas pelos cantos esperando um lugar definitivo para serem guardadas. Postais, cartões, fotos, fotos, fotos…. Muitas caras queridas sorrindo pra mim. Olho agora pra uma especial – eu, minha irmã, meu irmão e minha sobrinha numa pose feliz num restaurante, em junho do ano passado. Um raio de sol ilumina o cabelo clarinho da minha sobrinha. É uma visão aconchegante e com gosto de bala de mel.

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vinhos

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envelhecendo……

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Friday Night Fever

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Em Orleans ficamos num Holiday Inn de beira de estrada, o que foi um tremendo alívio, pois não precisamos nos perder pela cidade para achar o hotel. Saímos do pedágio – dele não escapávamos nunca – e já entramos no estacionamento do hotel. Com essa economia de tempo tivemos a chance de sair caminhando calmamente depois de um banho e procurar um restaurante para jantarmos sossegados.
Logo na outra esquina encontramos uma brasserie – Le Bouche à Oreille. Era um local simpático e logo que entramos escutamos a música. Nas sextas-feiras havia a animation musicale, transformando o local num restaurante dançante. Não sei onde vi isso antes, se na minha infância de interior ou em algum filme, mas eu não conseguia parar de sorrir com a familiaridade daquela situação. As mesas do restaurante se posicionavam ao redor de uma pista de dança, onde os començais se requebravam antes, durante e depois da sobremesa e do licor digestivo. No pequeno palco, que se elevava em um degrau, uma duplinha super animada botava pra quebrar. Um tocando keyboard, que fazia o som de uma banda completa, e o outro cantando com muita animação.
Nós pedimos a comida à la carte, depois de perguntarmos em francês se alguém ali falava inglês, ou português, ou espanhol. Nada. Com gestos, apontando, sorrindo amarelo, suando, conseguimos tomar uma água Perrier, uma cerveja Stella Artois sem álcool, um frango com arroz e um bife com batata frita. Ufa. Estava muito divertido ver o pessoal dançar e a comida estava muito gostosa. A garçonete até que se esforçou muito para não nos deixar passar fome, nem acabar comendo carne crua ou tripa.
A ironia desse nosso jantar na brasserie de Orleans foi que enquanto nos descabelávamos para decifrar o menu em francês e nos comunicarmos com a garçonete, a duplinha musical cantava hits EM INGLÊS e os dançantes faziam conjuntamente passinhos de square dance, imitando os bailes country norte-americanos, enquanto cantavam acompanhando a música. E cantaram especialmente alto e excitados quando a duplinha interpretou um sucesso da Shania Twain – Man! I Feel Like A Woman!

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para entrar

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[em Montpellier…]

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qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência

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Desde o primeiro dia de existência deste blog que meu e-mail carrega uma assinatura com o link do fezocasblurbs.com e com o convite – leia o meu pensamento. Quando eu criei essa assinatura, acreditei que tivesse conseguido resumir nela o que seria esperado encontrar neste meu pequeno espaço.
Aqui pode-se ler o que eu penso das coisas que eu vejo ou experiencio, minhas reflexões no chuveiro e na piscina, minhas histórias e opiniões, pedaços do meu cotidiano transformados em mini-crônicas. Este blog nunca pretendeu ser um relato exato das minúcias da minha vida, nem um relatório do que eu faço ou deixo de fazer. Ele também não é de maneira nenhuma um guia de como viver no exterior, nem de como fazer as coisas por aqui e não é uma sucessão de textos explicativos, nem é informativo, nem didático, não pretende ensinar nada pra ninguém, nem explicar minímos detalhes com descrições minuciosas, álbum de fotos e receitas passo-a-passo.
Meus textos podem ser tanto um simples fluxo de pensamentos desconectados, como tentativas de escrever coisas mais elaboradas. Eu normalmente uso uma situação que vivenciei ou que presenciei como base para escrever. Arredondo e corto arestas, não preciso entrar em mil detalhes explicativos, porque apenas alguns fatos daquele acontecimento interessam para dar fluidez para a história.
Sempre senti a necessidade de escrever sobre isso, porque muitas e muitas vezes leio comentários deixados aqui que me fazem ficar matutando – mas o que essa pessoa entendeu do que eu escrevi? por que ela está comentando uma coisa que não tem nada a ver com a história? O que geralmente acontece é que as pessoas lêem o texto e tiram conclusões baseadas em informações que NÃO estão expostas, não ficaram explicitas, não foram detalhadas, porque não eram importantes para a história. Então baseadas na falta de informação passam a dar conselhos, palpites e dicas e se põe a fazer analises, como se aquele texto refletisse exatamente a minha vida e os seus acontecimentos, e consequentemente essa exposição do particular concedesse uma permissão geral e irrestrita para a intromissão.
Acho que vou decepcionar algumas pessoas, mas quem realmente quiser me conhecer e saber da minha vida, o que eu realmente faço no meu dia-a-dia, o que aconteceu nas minhas viagens em detalhes, o que o meu marido faz ou deixa de fazer, as histórias do meu filho, meu cotidiano exatamento como ele acontece, vai ter que fazer amizade, conversar comigo e participar um pouco da minha rotina particular. O blog mostra uma pontinha de quem eu sou, mas definitivamente não é somente me lendo aqui que alguém vai ficar por dentro da verdadeira maionese.

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farofa a bordo

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Assim que o comandante avisou que teríamos que esperar por pelo menos uma hora e meia até os mecânicos terminarem o conserto do problema no avião, eu ouvi o barulho de desembrulhar de pacotes de papel e plástico nas cadeiras atrás de nós, onde sentavam um casal de americanos. Senti cheiro de pão sendo cortado e de vinho enchendo copos! Pensei, essa gente trouxe um farnel? Sim, trouxeram! Não olhei pra trás, é claro, mas fiquei invejando a idéia, o senso de prevenção, a capacidade de se organizar para não passar fome a bordo.
Uns minutos depois levantou um espanhol que sentava com a esposa na fileira ao nosso lado. Uma figuraça de calça Calvin Kline e camiseta do sindicato Solidariedade. Senti um cheiro maravilhoso de pão com queijo e presunto e levantei a cabeça para ver os espanhóis devorando enormes sanduiches que vieram embrulhados em papel branco. Em seguida os vi brindando com copos cheios de vinho tinto. Eu salivava de lombriga de fome de de inveja. E pra completar a farra gastronômica, o espanhol começou a descascar laranjonas suculentas com um cortador de unha. Picnic completo! Levantei pra esticar as pernas e vi os americanos sentados atrás de nós guardando uma caixa de plástico com presunto cru e retirando do farnel uvas gigantonas verdes e potinhos com algum creme de sobremesa, que eles comiam com uma colherzinha descartável- organizadíssimos! A mulher me ofereceu umas uvas, que eu recusei gentilmente por educação. Eu já tinha dado bandeira suficiente da minha babação e inveja.
Da próxima vez que viajar de avião vou ser esperta como esse pessoal e levar uma farofinha. Comida de avião é uma droga mesmo e pelo que eu percebi ninguém regula a entrada de comida clandestina a bordo!

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para sentar

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[em Paris…]

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[em Nice…]

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lar doce lar

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É claro que eu quero conhecer o mundo, diferentes culturas e experienciar o desconhecido. Não sou diferente de ninguém – aliás, sou uma imigrante, então já provei que encaro de frente alguns desafios bem grandes. Mas não consigo deixar de sentir um alívio e alegria enormes quando volto de uma viagem e revejo a minha vizinhança, a minha casa, meu jardim matagal, meus gatos mimados e bagunceiros e volto à minha vidinha brejeira. Viajar é ótimo, alarga os horizontes, desvenda mistérios, enriquece e acrescenta muito ao currículo da vida. Mas voltar pra casa é também muito, muito bom!
Pra mim o maior desafio das viagens é o percurso, o confinamento por horas e horas dentro de um avião sem espaço, sem ar fresco, sem liberdade de movimentos. Já tive viagens ruins, mas esta última regressando de Paris bateu o recorde. Quatro horas trancados dentro do avião no gate da American Airlines no aeroporto Charles de Gaulles, esperando os mecânicos consertarem um problema. Uma tortura que eu não desejo pra ninguém. Depois quase dez horas voando até Miami. Perdemos nossa conexão para San Francisco e fomos enviados para um hotel. Chegamos em Davis com um dia de atraso, de saco cheio de olhar pra malas, banheiros de avião e cartões magnéticos de quartos de hotéis.
Alugando o ouvido do Gabriel ontem à noite com nossas histórias e aventuras francesas, ficou bem claro que aproveitamos muito e que a viagem foi super legal. Tirando a ida e a volta…. Se houvesse um jeito de apenas chegar e sair do lugar, sem precisar fazer a peregrinação de aviões, trens e carros, seria perfeito e com certeza eu viajaria muito mais.

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o passado não condena