zero

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Abomino números. Fazer conta de troco, de menos e de mais, orçamento do mês e olhar saldo de banco. Contar yards de piscina e metros de caminhada, minutos de espera, horas de encontros, dias que virão. Ver o peso das coisas em quilos ou, pior, pounds, e calcular metragem, quantidade, medir xícaras e colheres em receitas. Pessoas na fila, carros esperando pra pagar pedágio, notas de dinheiro na carteira, pingos de remédio, latas de comida de gato na despensa. Datas no talão de cheque, minutos pra esquentar a água no microondas, contagem numérica regressiva ou progressiva no painel do tocador de cds do carro. Horário de verão, idade, peso, altura. CIC, RG, Social Security Number. Conta corrente, poupança, cartões de crédito, registro de seguro saúde, passaporte. Quantas jujubas coloridas cabem nesse vidro? Não sei, não quero saber e tenho ódio mortal de quem sabe!

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psiuuuu….

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Eu sou doidão, eu sou doidão, eu sou doidão, doidão, doidão..
Mas tenho bom coração.

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Adorable

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Resolvi ir à uma reunião dos docentes da International House. Eu deveria ir em todas, mas nunca marco na agenda, lembro ou presto atenção às datas. Mas na de ontem eu fui. E cheguei atrasada. Eu devo ser a docente mais nova do grupo, a mascote! Mas sou sempre recebida com o maior entusiasmo. Depois da reunião, muitas senhoras vieram falar comigo, se apresentar, perguntar onde eu comprei o meu casaco de couro [cofcof, no Wal-mart, é a resposta sussurrada entre dentes e um sorriso], me convidar para o encontro das terças-feiras, ou apenas dizer um olá, bater um papinho. Todas elas são adoráveis! Fico feliz e orgulhosa por fazer parte desse time, que ajuda a comunidade internacional da cidade sem esperar nada em troca.
Durante a reunião tivemos uma pequena palestra com a assistente do diretor da SISS da UC Davis [Service for International Students & Scholars]. Ela também é estrangeira, uma alemã, e falou da população internacional deste campus da Universidade da Califórnia, esclarecendo muitas dúvidas dos docentes. Nessa, fiquei sabendo que a UC Davis tem 47 brasileiros, entre estudantes e scholars [pesquisadores, pos-doctors]. Eu nunca parei pra contar, embora eu deva conhecer a maioria. Mas quarenta e sete é um número realmente excepcional, que me surpreendeu!

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Amar é…

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… esperar pacientemente na frente da porta ou já dentro do carro, enquanto ele resolve no último minuto antes de sair dar snack pro gato, pôr as latas de lixo na calçada ou dar uma meditadinha no banheiro.
… suportar com firmeza, sem engasgos de vômito, a visão dele passando maionese numa fatia de panetone, devorando um romeu e julieta de goiabada com polenguinho sabor alho ou misturando gelatina com sour cream.
… não se irritar quando ele estiver dirigindo e um velhinho passar vocês na freeway, pela direita.
… responder novecentas e quarenta e sete vezes a mesma pergunta.
… resistir à tentação de atear fogo naquela jaqueta de nylon que ele ganhou quando fez estágio numa empresa em 1983 e que ainda usa.
… escrever sobre os defeitos dele, fazendo tudo parecer singelo e simpático.

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I summon the Iron Chefs!

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De vez em quando – ou melhor, deixa eu ser honesta, quase sempre – eu vicio em algum canal ou programa de televisão. Nos últimos meses minha atenção anda colada nos Iron Chefs do programa japonês retransmitido pelo Food Network. The Iron Chef começa às onze da noite e eu nunca vejo até o final, pois sempre durmo durante o processo. Mas nem por isso a experiência de assistir à batalha dos chefs japoneses deixa de ser interessante. No kitchen stadium, dois chefs se confrontam todas as noites. Um dos quatro Iron Chefs – Iron Chef Japonese, Chinese, Italian e French – e um desafiante. Há um moderador, um comentarista e dois convidados, entre eles sempre uma atriz ou um cantor famosos no Japão. A competição é acirrada, com um ingrediente secreto, que vai ter que ser utilizado em todos os pratos. Os chefs têm uma hora para preparar no mínimo três pratos, que serão analisados, provados e julgados. O chef que vencer ganha todas as honras. O mais legal desse programa, além das comidas estranhíssimas, é o estilo desportivo que eles dão à competição, que parece uma mistura de luta de boxe com jogo de baseball. O comentarista analisa os movimentos dos chefs e câmeras espalhadas pela kitchen stadium filmam todos os detalhes. Ontem, por exemplo, se via pingos de suor cair da testa do desafiante [eca!]. Os ingredientes, animais ou vegetais, são sempre da melhor qualidade. Quando eles são peixes ou frutos do mar, geralmente ainda estão vivos – e eu fico em total horror vendo os chefs decepando-os ou cozinhando-os vivos! O resultado final é sempre pratos que agradam mais ao gosto oriental, nem sempre muito atraentes para a minha maneira ocidental de me alimentar. Muitas vezes eu fico enojada por pratos com melecas cruas tiradas da barriga de um peixe raro ou com a textura ou cor das comidas. Mas nessa batalha de chefs o que interessa mesmo é ver como eles trabalham na cozinha. E para mim é interessantíssimo observar a seriedade e o respeito, tão comuns na cultura japonesa e que ficam bem expostos durante a batalha dos chefs.

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que pasa?

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lo que pasa es que la banda esta borracha……
Tem coisas que parecem não ter explicação. Elas acontecem e pronto. E uma coisa que eu nunca imaginei que aconteceria, hoje tenho que aceitar que ela faz parte da minha vida. Não é fácil admitir isso, mas está tão forte, que não posso mais fingir que não é comigo. Acontece que eu perdi todo o interesse pela leitura.
Logo eu, que era uma devoradora de livros, revistas e jornais. Um dos meus maiores prazeres era ler. Eu lia o que caia nas minhas mãos, revista velha, pafletos políticos, jornal onde o peixe vinha embrulhado, tinha uma compulsão por letras e palavras. Eu lia três livros ao mesmo tempo, passava horas na piscina me torrando de um lado só, pois começava a ler e esquecia até de me virar. Eu adorava os cafés da manhã dos domingos, quando eu ficava horas na mesa da cozinha lendo a Folha de São Paulo de cabo a rabo.
Hoje eu mal consigo folhear as inúmeras revistas imbecilóides que eu assino. Não leio o jornal de papel que recebemos toda manhã na porta de casa, não leio os jornais online, não leio colunas, nem crônicas, mal tenho saco para ler blogs. Se um texto tem mais de dois parágrafos e mais de um link, meus olhos já correm pro final da linha, amarra o assunto apressadamente, como quem já não agüenta mais aquilo. Livros, nem pensar! Estou em total jejum.
Nessas situações embaraçosas, o melhor é não ficar tentando se explicar, mas mesmo assim eu insisto em registrar publicamente duas possiveis desculpas. Uma, é que esta situação seria apenas uma fase passageira e que logo eu voltarei a ser a pessoa ávida por leitura que eu sempre fui. Duas, que pode ser que isso tenha a ver com as mudanças que estão acontecendo com os meus olhos. Não me adaptei aos bifocais, não suporto usar óculos e ler, de repente, ficou uma coisa chata e incômoda.

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cansei de dias nublados

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Percebi que estou atrasada nas minhas funções de primavera, já que na mesma época no ano passado eu tinha plantado coisas na horta e hoje ainda tenho um matagal pra capinar. Quase metade da horta está tomada pelo hortelã chocolate. Outra parte pelo orégano. Outra parte por mato.
E não pára de chover, estou ficando extremamente cansada desse pinga-pinga e do céu cinzento. Cadê o sol minha gente? We Brazilians need spaceeeee, and sunnnnn……
Falta de sol e falta de assunto. Quando eu começo a escrever um post atrás do outro sobre gatos ou publicar um monte de foto, é porque estou passando por uma fase de escassez de histórias. Isso não quer dizer que meu cotidiano e a vida ao meu redor esteja um marasmo, mas apenas que nem tudo pode virar uma pequena crônica descompromissada.

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bem feito!

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A batata do Roux já estava assando. Toda vez que abríamos o armário do hall de entrada, onde guardamos sapatos, casacos e bolsas, o fulanete corria e se enfiava lá dentro. Tínhamos que retirá-lo manualmente. O Uriel me preveniu, cuidado, pois num dia que fizermos uma viagem, o careta pode ficar trancado no armário pelo tempo que ficarmos fora. Não foi tão dramático, mas ontem ele entrou no armário e ninguém percebeu. Eu senti a falta das atividades pinoteantes dele na hora de dormir e assobiei chamando, mas só o Misty apareceu. Como ninguém manda no Roux, logo imaginei que ele não respondeu porque estava confortavelmente enfiado em algum lugar quentinho ou especial. Pois não é que o jacu ficou a noite inteira preso dentro do armário? A curiosidade teve seu preço: dormiu no frio, sozinho, no escuro e no meio dos sapatos e chulés. Espero que ele tenha aprendido a lição!

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o passado não condena