faz tudo que não faz nada

*

Estou com a impressão que esqueci de pagar alguma conta. Como sou eu que administro a casa, se algo ficar por fazer, a culpa será exclusivamente minha.
Também estou com essa idéia fixa que a minha casa está imunda e bagunçada, mesmo ouvindo outras pessoas dizerem que nunca viram casa mais organizada. Ou eu disfarço muito bem ou estou ficando com um grave problema…
Fiquei em estado de choque ao descobrir que os top siders estão voltando à moda. O passado me condena! Quem não teve um par de top siders na década de 80? Esses sapatos originalmente usados por iatistas viraram uma febre em todas as cores. O meus eram da Sidewalk….
Gentileza gera gentileza. Eu acho super gentil e fino dar crédito para idéias e contribuições. Vi no blog do fulano e fiz igual. Peguei a idéia do beltrano. Sicrano me deu a dica. Trés chic! Feio mesmo é pegar as idéias e dicas alheias e propagandear como se fossem próprias. Quem faz isso desce vinte degraus no meu conceito.
Eu tive um pensamento que noventa por cento da humanidade deve ter a cada milésimo de segundo: como seria viver toda a nossa vida novamente, só que com a maturidade que temos hoje. Na hora o pensamento me pareceu excitante, mas depois de imaginar viver toda a minha infância, adolescência e idade adulta com a minha cabeça atual, senti um cansaço monumental.. Viver tudo de novo? Nem a pau….
Fico por aqui mesmo, como sou, como estou! Good bye….

  • Share on:

raindrops keep falling on my head

*

Sou uma brasileira californiana, preciso de sol, sol!!! Chove desde sei lá quando e eu estou sentindo que tudo em mim e nas coisas em minha volta já está começando a mofar. Chega! Chega! Quero céu azul e sol, nem precisa esquentar, pode continuar frio, mas precisa parar de chover o tempo todo!
Eu vi uma foto no jornal da neve em Lake Tahoe e Truckee. Está um horror! E a neve lá é daquela bem molhadona e pesadona, que não é a neve com a qual eu me acostumei a conviver, quando morei lá onde o indio inuit perdeu os mocassins de pele de bufalo..
Quero nadar! Quero caminhar no bosque! Eu até entendo que essa chuvarada é super importante para as reservas e para a agricultura. Mas pessoalmente, estou ficando de piquá cheio desse pinga pinga……

  • Share on:

sessões corridas em 1976

*

Quando eu vi O Inquilino [The Tenant] no cinema em 1976, eu tinha quinze anos e uma personalidade mais do que impressionável. Entrei no cinema com um grupo de colegas de escola e não saí mais…. Fiquei para mais uma sessão e mais outra e voltei no dia seguinte, para ver o filme mais algumas vezes. Quase trinta anos se passaram e eu ainda tinha algumas cenas perfeitamente coladas na minha memória. Outro dia resolvi pegar o filme do Roman Polanski na Netflix. Ontem ele chegou pelo correio e eu fiquei até um pouco nervosa…. Iria rever o filme que mais me impressionara em toda a minha vida! Senti medo, pois me lembrava muito bem das marcantes cenas de delirio e horror.
Revi O Inquilino……. Claro que não fiquei tão impressionada quanto da primeira vez que eu o vi, ainda com uma visão tão simplória do mundo. Mas não posso negar que esse filme do Polanski é um dos mais desconcertantes, perturbadores e obscuros que já vi na vida. A história é mórbida, o personagem vivido pelo Polanski é irritantemente bobalhão e os vizinhos do inquilino no prédio são uma verdadeira fauna felliniana. Shelley Winters, Isabelle Adjani e Melvyn Douglas estão ótimos no filme. Até hoje não me conformo com o fato de um apartamento não ter banheiro! E desta vez fiquei de olho nos figurinos, principalmente os casacos usados pela Adjani, para distrair um pouco da tensão de rever este filme tão marcante para mim!

  • Share on:

*

Estou vazia…. Deu um branco…..

  • Share on:

um post bobo

*

Fico imaginando como seria a minha vida se eu tivesse um emprego das oito às cinco. Lembro vagamente dos anos em que eu trabalhava full-time na escola e ainda tinha um outro trabalho freelance para uma dot.com em San Francisco. Minha pequena casa era uma desordem total. Na época eu tinha a ajuda do Gabriel, que ainda morava conosco e lavava a louça antes de eu chegar, assim eu podia fazer o jantar. Me treinei a fazer um jantar completo, saudável e saboroso em no máximo trinta minutos. Lavava roupas uma vez por mês. O que ajudava era que o meu guarda-roupa sempre foi excessivo….
Hoje, com uma casa grande, jardim, quintal, horta, dois gatos, três banheiros, um marido super ocupado e um filho que já foi cuidar da vida dele, eu não conseguiria manter essa casa sozinha e trabalhar período integral. Por isso eu parei de reclamar que minha carreira é cheia de furos. Eu faço o que dá.
Segundas-feiras são sempre atrapalhadas e ocupadas pra mim. Eu passo o dia fazendo mil coisas, quanto mais tarefas eu faço, mais tarefas aparecem para serem feitas. Fico inconformada…. Chega nove horas da noite eu já quero deitar, I wonder why.
Corri na caixa do correio para jogar a ficha de assinatura de mais uma revista. Eu assino um monte e essa eu comprava na banca. Com a assinatura, vou economizar trinta e sete dólares por ano. Eles estão desesperados, liquidando a assinatura da Martha Stewart Living, já que vocês-sabem-quem está passando uma temporada no xilindró!
Lendo o caderno Taste do SacBee, que é o único caderno do jornal que eu ando lendo além dos quadrinhos, vi várias receitas para crock-pot, aquelas panelas elétricas que cozinham beeeem devagar. Você coloca todos os ingredientes lá de manhã cedo, liga na tomada e quando chega a hora do jantar à noite, o rango está prontinho. Estou pra comprar uma panela dessas, que é propagandeada pelo Gabriel, há tempos, mas nunca mexo a bunda. Hoje, quando vi as receitas, meti as caras. Precisava sair mesmo para comprar comida pros gatonildos e aproveitei.
Na loja, acabo sempre comprando outras coisinhas. É uma lasca. Preciso comprar mais um batom da mesma cor e marca de outros doze que já tenho. E um brilho de lábios, que acabo nunca usando. E uma camiseta branca de manga comprida – bom, do jeito que eu destruo as minhas roupas, isso nunca é demais. E entre os papéis higiênicos, detergente, sabão liquido, comida e areia de banheiro de gato, shampoo e creme para cabelo, sabonete esfoliante e tal, tive que comprar dois filmes em dvd. Tive! Porque eles custavam oitenta e oito cents cada!! Um com o Gregory Peck e Ava Gardner e outro com o Frank Sinatra e a Judy Garland. Sei lá, mas por oitenta e oito centavos, se não prestar eu uso de suporte de vaso ou pra segurar cadeira de perna manca, sem estresse!

  • Share on:

que dramalhão!

*

Se alguem pudesse me filmar enquanto eu assisto televisão, teria uma amostra de todo tipo de emoções, caras e bocas. Eu assisto tevê sozinha, então posso soltar a franga e rir escandalosamente, torcer a cara de nojo, chorar bem alto, beber as lágrimas e assoar o nariz com um lenço de papel amarfanhado.
Ontem eu vi um filme que proporcionou uma variedade de reações. Tem filme que é um verdadeiro dramalhão e no meio de tanta desgraceira você até se pergunta isso é sério? está acontecendo mesmo? quem foi o roteirista que escreveu essa tortura? Mas continua vendo, pois quem pode resistir a um novelão e não se importar com o que vai acontecer no final?
O filme era Kings Row de 1942, dirigido pelo Sam Woods. Dramalhão dos bons! Robert Cummings é Parris Mitchell, um órfão rico criado pela avó no final do século 19, que tem uma paixonite pela estranha filha de um médico da cidade e tem como amigos um outro órfão rico, Drake McHugh [Ronald Reagan, muito charmoso e atuando relativamente bem] e Randy Monaghan [Ann Sheridan] que mora no lado pobre da cidade. O tempo passa, Parris vai prestar exame para estudar medicina em Viena e o pai de Cassie [Randy Monaghan] vai ser seu tutor.
Então começa o melodrama: o pai da moça estranha, que na verdade herdou uma doença mental da mãe, não quer que o relacionamento com a filha seja um impecilho para que Parris vá estudar na Europa e tenha uma carreira brilhante. Então ele mata a filha e se mata em seguida. Choque!! Parris fica arrasado, mas vai seguir o seu destino. No interim, a sua gentil e querida avó morre de câncer. Parris troca correspondência com os amigos, Drake e Randy, que agora estão envolvidos românticamente. Preciso frisar que Drake fôra impedido de ter um relacionamento com Louise Gordon [Nancy Coleman], a filha do Dr. Gordon [Charles Coburn], o médico da cidade. O pai e a mãe impõem que a filha não veja mais o rapaz, que é considerado ‘selvagem’, por causa da sua personalidade livre e sem responsabilidades. Esse detalhe da inimizade da família de Louise e Drake é fundamental para que se entenda a segunda parte do novelão dramático. Enquanto Parris está ralando em Viena, estudando com Dr. Freud, seu amigo Drake perde toda a sua fortuna herdada, vaga pelos bares, até encontrar o apoio da família pobre porém limpinha de Randy, que o ajuda a encontrar um emprego na ferrovia. Numa noite qualquer, Drake tem um acidente horrível e tem suas duas pernas amputadas pelo horrorendo Dr. Gordon. O detalhe tétrico, que Louise descobre, é que a amputação nào era necessária e o médico a fez por sadismo e vingança. Choque, choque!!! Drake fica revoltado com a sua condição de entrevado e Louise é chantageada pelo pai, para que se mantenha calada sobre a amputação desnecessária e assim evitar ser internada num manicômio. Drake casa-se com Randy. Parris retorna de Viena e conhece Anna, uma austríaca morando com o pai na antiga casa de Parris e que o faz lembrar de Cassie. Dr. Gordon morre e Louise quer contar para todos que o pai fazia operações desnecessárias por puro sadismo. Parris tenta impedí-la, para não chocar Drake com a verdade. No final, depois de muitas lágrimas e conflitos interiores, Parris declama uma poesia e conta a verdade para Drake, que abraça Randy e decide viver com força e garra. Parris corre pelos campos para encontrar e abraçar Anna. The End. Ufa….
No final de Kings Row eu já tinha bebido um litro das minhas próprias lágrimas, me contorcido, tido dores de estômago, tonturas, repulsa, revolta e meus olhos estavam inchados. Valeu a pena? Claro que sim! Se não houvesse publico como eu para esse tipo de filme, seria o fim dos dramalhões e novelões!

  • Share on:

papo aranha

*

Minha casa fica numa vila construída pela Universidade da Califórnia ao lado do campus. É bem conveniente, já que quase todos os moradores das casas coloridas são professores da instituição. Nossos vizinhos fazem parte da elite intelectual, os cabeções, da ciência, cultura e tecnologia deste país. Aqui em casa temos um representante do departamento de engenharia agrícola, na frente, a sociologia, a matemática, a antropologia e a arte, aos lados, a neurociências, o environmental design, a física e a veterinária. Pra facilitar a comunicação, temos uma lista de discussão para os moradores da vila e hoje ela está animada com um convercê por e-mail entre a vizinhança. Os orgulhosos representantes da nata intelectual norte-americana passaram a tarde discutindo um tópico realmente importante e sério: os problemas com a descarga das privadas dos banheiros….

  • Share on:

uma lista de filmes

*

Será que eu consigo lembrar alguns dos filmes que andei vendo nos últimos dias do ano e início do novo? Me perco no atolado de filmes que vejo e revejo quase todos os dias. No dia de Natal, assistimos Notting Hill, White Christmas e Eternal Sunshine of the Spotless Mind [que eu revi pela quinta vez!!]. Depois vi pela primeira vez o original The Thomas Crown Affair com o maravilhoso Steve McQueen, The Defiant Ones e In The Heat of the Night, ambos com o inigualável Sidney Poitier [e um extra, num documentário sobre a vida do ator], Morocco, Shadow Of The Thin Man, The Manchurian Candidate, sim, o original de 1962 com Frank Sinatra [consegui ver Meg! Consegui!!], The Rolling Stones Rock and Roll Circus, Good Bye Lenin!, Grand Hotel, com Greta Garbo e Joan Crawford, Some Like it Hot, An American in Paris, Gigi, The Man Who Knew Too Much, Rope, Rear Window [Hitchcock, o eterno coringa!], Bell, Book and Candle, Annie Get Your Gun, The Bishop’s Wife, The Philadelphia Story, High Sierra, Running on Empty e fomos ao cinema [iurru!] onde vimos The Aviator, do Scorsese. E o que vou ver hoje? Hum? Hum?

  • Share on:

o passado não condena