ser estrangeiro
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Hi 104° F/ 40°C
[ohmaigudiness…..!]
Como que eu não vou reclamar do calor? Ontem o A/C ficou ligado até as 10pm. Eu fiz a laundry à noite, porque durante o dia não dá…. E vi uma coisa exótica: um monte de bichinhos passeando pelo cimento, que não deu pra reconhecer se era barata ou besouro [saí pulando e não fiquei olhando, né?! ;-)]. Coisa de calorão, porque eu nunca vejo esses bichos escrotos…. Aqui só tem aranha e formiga!
Bom, mas o calor daqui tem um inconveniente [que eu já deveria ter me acostumado, depois de tantos anos…] que é o baixo índice de umidade. Meu nariz fica insuportavelmente seco… até dói. E a pele também não agüenta…. fica toda seca…. Haja óleo Johnson e creminho hidratante. Por isso que as pessoas aqui são mais envelhecidas que o normal. Esses branquelos com pele seca então….. estão condenados a virarem umas uvas passas antes dos quarenta anos.
Estou lendo o Cris Dias escrever sobre os EUA e sobre voltar pro Brasil ou ir pra Europa. Eu não gosto muito de opinar nesses assuntos, porque cada experiência é única e cada um pensa de um jeito, mas todas essas coisas que eu leio me deixam pensando sobre a minha visão de ser estrangeira. Eu estou fora do Brasil há nove anos, então muita coisa já não é novidade pra mim. Muitas vezes eu escrevo sobre coisas que eu vejo aqui pensando em quem vai ler, porque tudo já faz parte da minha rotina há anos [com algumas exceções, claro!]. E este blog é apenas um diário e minhas escrevinhações quase não têm tons políticos, nem muita crítica, porque essas coisas já não têm mais nada a ver pra mim. Meus primeiros anos fora do Brasil [vários longos invernos no Canadá] foram cheios de comparações e questionamentos. Eu chegava a ser insolente e até mal educada na minha atitude e nas minhas conversas com os canadenses. Eu morei numa província [Saskatchewan] muito tradicional, inicialmente povoada por imigrantes alemães e ucranianos e tive experiências interessantes por lá. Na época o Ursão me trouxe um texto muito legal sobre Choque Cultural, que eu li e vi explicadas todas essas atitudes de revolta e até de hostilidade que às vezes temos quando vivemos num país estrangeiro. Uma amiga, que trabalhava uma tese sobre Choque Cultural, também me explicou que existia o choque inverso, quando voltamos para o nosso país depois de um tempo e enfrentamos um período de readaptação, que muitas vezes é mais traumático do que o ajuste que temos que fazer a uma nova vida no estrangeiro. Eu passei por tudo isso!! 🙂 Tenho que botar um sorrisinho aqui, porque lembrar dessas coisas realmente me faz rir! Eu tenho tanta história que daria pra encher páginas e páginas de um livro! E tudo passou…. Minha revolta por não poder lavar o banheiro passou…. e meu medo de dirigir na Anhanguera passou! 🙂 Quando eu vim morar nos EUA já estava ‘graduada’ dessa escola de Choque Cultural e etcetal. Eu vivo mais feliz e tranqüila aqui, do que quando vivia no Brasil ou no Canadá. Então quando eu leio brasileiro falando mal dos EUA eu até penso que deve ter algo errado comigo, porque se lasca tanto o pau neste país e eu não tenho nada a dizer….. Não tenho críticas, não fico indignada com nada, acho tudo normal, porque diferenças existem e se estou vivendo [e imigrando] num país estrangeiro foi porque escolhi isso. Ninguém me enfiou num avião amarrada e me obrigou a vir morar aqui. É uma questão de aceitar as suas decisões e seguir em frente. Não que não se deva criticar o que se vê de errado, mas viver essa experiência e tirar benefícios dela é o mais sensato! Muita gente vai achar que sou uma alienada e vai ver que eu sou mesmo!!! 🙂 Eu só quero fazer duas coisas bem políticas que eu considero importante: quero votar no consulado brasileiro quando tiver eleições no Brasil. E quero poder votar nas eleições daqui também. Essa é uma vantagem democrática que poucos tem, hein? Quanto ao resto, se os americanos pensam que são isso ou aquilo…. se os EUA fazem isso ou aquilo…. eu não tenho poder pra mudar a mentalidade das pessoas, nem a política internacional de um país. Não podemos generalizar dizendo que todos os americanos pensam assim ou assado, porque daí estaremos abrindo um espaço pra sermos generalizados também. Vai ver eu tive a sorte de vir morar na Califórnia e até agora não topei com ninguém que falasse coisas que me fizesse ficar com raiva. Mas é verdade que muitos americanos se acham mesmo! Os brasileiros também iriam se achar, se o Brasil estivesse na posição dos EUA! 🙂