⌇consumerism ⌇

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Entrei numa Zara aqui nos EUA pela primeira vez. É um pouco melhor que a Forevis XXI, mas a má qualidade das roupas se mostra assim que você prova. Costuras tortas, péssimo caimento, tecido cheio de fibras artificiais. E os tamanhos disponíveis são S, M e L. É isso. Até pras calças jeans. Onde que se vende calça jeans com tamanho S, M, L? Como se todo mundo tivesse mais ou menos o mesmo corpo. Gostei de uma carça, provei a L, nao deu. Sou grande, com barriga. Pedi uma XL e o moço falou—não vendemos XL. Então TCHAU QUERIDA, né?

Dica amiga—fui ao Grocery Outlet ,comprei um rosé da Toscana, um branco do Rennes, um branco do Napa. Total da compra $19,99.

Não tô dando conta de comer romã. Tenho uns 5 potes cheios de sementes na geladeira. E até agora não comprei nenhuma, ganhei todas.

Na cozinha do trabalho teve muitos caquis hachiya pra quem quisesse pegar. Esses caquis não são meus favoritos porque precisa esperar eles ficarem super ultra maduros, quase desfazendo, pra poder comer. Senão são muito marrentos. Mesmo assim peguei vários.

As abóboras que foram colocadas nas portas das casas pro halloween vão ficar até o thanksgiving, depois vão pra sarjeta ou pra panela. Eu compro abóboras boas, assim posso cozinhar. Mas haja doce de abóbora pras muito ruins.

Fulano se gabando do amigo vegano que fez o melhor gravy de cogumelos ‘do mundo’ com caldo de legumes feito em casa e eu …. zzzZ really?

Quando virei a esquina, indo pro trabalho, vi o Gabriel caminhando com a Alaska. Eles passaram pra me visitar na hora do almoço e quando a Alaska me viu ficou tão enlouquecida de alegria que pulou em cima de mim e me sujou toda! Como é bom ser amada!! Mas passei o dia explicando por que minha blusa tava toda esbarreada na frente.

Por que não consigo me vestir com uma calça jeans e uma blusa preta? Por que tem que ser xadrez com listas com flores com bolinha, colar e lenço. Com muita sorte serei chique na próxima encadernação.

Que mundo bosta, com um Cheeto Nazi presidente e sem Leonard Cohen. 🙁

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it’s [not] a hallucination

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Vou publicar um post em regressão, porque no dia não consegui escrever, só consegui falar e escutar. Mas no futuro quero poder lembrar exatamente como me senti nesse dia. Tinha muita gente dizendo, calma vai dar tudo certo, e eu cética respondendo, só sossego depois do resultado. Mas nem em pesadelo cogitei que o resultado seria o que foi. Era uma piada, de mal gosto, impossível de acontecer. Fui votar logo cedinho e não acompanhei nada pela tevê, só espiei noticias pelo Twitter durante o dia. As urnas fecharam na Califórnia às oito da noite e a coisa já estava esquisita. Fui ver um capítulo da série The Durrells in Corfu, quando voltei pro Twitter a situação tinha evoluído de estranha pra desesperadora e deprimente. Fui afundando, como alguém afunda num pântano, incrédula, pesada, triste, aquilo não podia ser possível. Fui tomar banho na esperança de uma virada milagrosa, voltei, a situação só piorava. Quis mandar um  texto pro Uriel, não consegui. Li tweets até entender que a palhaçada era real. Fui dormir pesarosa, ainda pensando lá no fundo, quem sabe um milagre acontece enquanto eu estou dormindo. Não aconteceu. Como sonhar que meu pai ainda está vivo, que foi um erro, ele não tinha morrido. A gente acorda pra realidade sempre. Acordei pra realidade de um governo que não vai me representar. Os anos de ouro acabaram, voltamos dez casas no jogo. O dia seguinte foi um dia pesado, todo mundo chateado, deprimido, gente chorou, eu tive dor de cabeça, esqueci de buscar o peixe no Co-op, estava abismada,. furiosa, decepcionada, angustiada.

Depois dos primeiros dias sentindo todos os medos possíveis, chorando com relatos de agressões e racismo, com o estômago embrulhado, comecei a pensar em maneiras de agir, de ser mais proativa politicamente. Apesar da tristeza de pensar que acabou o sonho de viver num país liderado por um presidente que me representa e a angustia de ver todos os benefícios conquistados voando pela janela, fui lendo todas as infinitas opiniões, cheguei [acho] ao ponto de que simplesmente tenho que aceitar o triste fato. E arregaçar as mangas pra ser oposição [mais uma vez]. Já colei na senadora democrata que ajudei a eleger, Kamala Harris. E vou colar em outros políticos democratas que terão que nos ajudar nesses próximos quatro anos. Li muita coisa legal, ouvi algumas opiniões diferentes, como a do meu marido que tem uma visão ponderada de que devemos tentar nos unir, mesmo numa incomensurável tragédia como essa. Estou chocada com a falta de ética e a desonestidade dessa campanha política. Não vou chamar esse sujeito de presidente, não vou ter orgulho, não vou aceitar nenhum absurdo que ele queira implementar. Também não vou imigrar pra lugar nenhum, já imigrei pra cá e é aqui que quero e vou ficar.

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all ya can do is do what you must

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Nunca dei a mínima pra essas botinhas na altura do tornozelo, até ver essa azul, de saltinho quadrado no The Sartorialist. Parou tudo! Desde então já comprei duas, que tive que devolver porque não serviram. Já aprendi que essas botinhas tem forma pequena e precisa comprar um número maior. Já fiz.

Essa semana vai ser atrapalhada, com Halloween e viagem.

Minha amiga sugeriu meses atrás que nos vestíssemos de insetos pro Halloween já que trabalhamos no IPM onde a maioria é biólogo ou entomologista. Eu topei. Vou ser uma joaninha. 🐞 Ou joanona. Como queiram. Claro que todo mundo cascou fora, só vai ser eu vestida de inseto. Tudo bem.

Fui com o Gabriel ao banco fazer um depósito na conta dele. A funcionária que nos atendeu só tinha olhos pra ele. Como se sentir invisível—saia com o Gabriel. Preciso pendurar uma plaquinha no pescoço dizendo “sou a mãe dele!”

Alguém não pode cavar buracos e está sendo treinada pra não fazer. Alguém cavou um buraco no meu vaso de cebolinha qdo ninguém tava olhando. Alguém também ficou rodopiando por muitos minutos na sala, perseguindo e abocanhando o próprio rabo.

Meu cabeleireiro só fala de política. Está estressadissimo com esse circo de horrores das eleições. Por um momento fiquei preocupada porque achei que ele tava se distraindo por causa do excitamento do seu assunto favorito e cortando o lado errado do meu cabelo.

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16!

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Dezesseis anos de matraca. Dezesseis anos ininterruptos de papo furado. Palmas pra mim, pelo esforço, dedicação e insistência em construir uma memória. Será que duramos?

typewriter
escreva, Fezoca, escreva!
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choveu em outubro

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O paraíso é longe, mas vale a pena. Incrível chegar numa ilha do outro lado do mundo e perceber que tudo lá é muito parecido com o lugar onde eu vivo.

Fui a um jantar onde um moço chinês chatérrimo não parava de falar e tinha uma voz alta e aguda. Fiquei exaurida. E a comida nem estava boa. A anfitriã não cozinha bem. E toda vez que vou lá ainda tenho que ajudar a fazer o jantar. hahahaha! Piquei muitos legumes. Sem falar que cheguei no horário marcado e fiquei esperando plantada na frente da porta, pois ela estava caminhando com os cachorros. grrr!

Andando pela minha vizinhança, vi mais duas casas com placa apoiando o “candidato palhaço cor de laranja”. Precisa ter muita coragem pra se declarar um ignorante assim em público.

o WOW do dia no trabalho foi a minha salada com fatias de caqui e sementes de romã regada com suco de limão tahiti. Pra mim, regular stuff.

Primeira atividade da manhã––derrubar mingau na blusa. Nunca serei elegante.

já vejo muitas abóboras. 🎃

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segunda-feira

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8:28pm: finalmente termino tudo o que estava fazendo na cozinha
8:29pm: decido abrir uma romã
8:34pm: tenho uma vasilha cheia de sementes
8:35pm: tropeço, todas as sementes espalhadas pelo chão

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o passado não condena