preto com olhos cor de mel
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Entrei na loja de animais no sábado de manhã pra comprar ração pros gatos e dei de cara com três jaulinhas do SPCA com quatro gatinhos pretos pra adoção. Eram três filhotinhos brincalhões e um já maiorzinho, que está encalhado há meses, ninguém quer adotar. Comecei a chorar ridiculamente lá dentro da loja mesmo. O moço veio me ajudar a pegar a ração e eu dando o maior bafão, chorando de borbulhões, de escorrer o nariz, de soluçar. Que papelão, mas o que eu podia fazer? Não é a primeira vez, nem será a última. Voltei pra casa chorando, chorei abraçada no Uriel, chorei almoçando, chorei o resto do dia e fui dormir com dor de cabeça. Tenho raiva de mim mesma por ser assim e me sentir assim, mas só estou piorando. E o gatinho? E o gatinho? Ainda não parei de pensar nele. #QueroAqueleGatoQueNinguemQuer
infalível
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O plano simplíssimo do meu marido: eu deixo o meu carro em Santa Clara e vou de trem pra Davis, você me pega na estação com seu carro. No dia seguinte voltamos com seu carro pra Davis e vamos de trem pra Santa Clara levando uma marmita com o almoço já pronto—macarrão e molho. Chegando em Santa Clara a gente almoça a comida da marmita em 15 minutos, você pega o meu carro e vai pra Palo Alto, eu vou a pé pro estádio ver o jogo. Depois você volta pra Santa Clara, eu te levo na estação e você pega o trem e volta sozinha pra Davis.
Envolvidos: duas pessoas, dois carros, vários trens, três cidades, uma marmita.
quem me ensinou a nadar foi os peixinhos do mar
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Quando decido que vou fazer uma coisa, vou lá e faço.
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Só não consigo resgatar meu par de goggles que afundaram na piscina. Eles cairam da minha cabeça enquanto eu nadava na parte com uns 2 metros de profundidade. Eu dei muitos impulsos e tentei afundar na vertical e pegar os goggles com os pés, tentei mergulhar e pegá-los com as mãos. Nenhum jeito funcionou. Não deu. Então avisei o salva-vidas e no dia seguinte ele me devolveu os goggles resgatados por uma outra pessoa mais ágil.
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Fim de uma era.
inexorable
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Meu marido, o grande otimista—está calor, mas o outono já está chegando, olha só as folhas caindo.
No dia seguinte nublou, esfriou, ficou com cara de outono e até choveu. Usei uma longa echarpe de seda enrolada no pescoço.
Dois dias depois voltamos pro verão.
É agosto, não tem como escapar, babe.
dream a little dream for me
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Contar sonho é um troço muito pé no saco. Pior pra quem escuta do que pra quem fala. Mas eu vou arriscar ser a chata de galocha só pra dizer o tanto de sonho recorrente que eu tenho. Dá até vontade de dar uma pesquisada nesses sites de interpretação, porque já está ficando cansativo. São sonhos sobre viagens, voltar pra casa, arrumar mala, perder hora de ir pro aeroporto. Estou sempre na casa dos meus pais e estou vontando pra minha, que às vezes está abandonada. E a arrumação das malas é um esforço. E sempre é tarde demais pra ior pro aeroporto. Também sonho com mudança de casa. Quando sonho que me mudei da casa onde vivo hoje, choro muito. E hoje acordei de um sonho onde estava mudando de casa, que felizmente não era essa, mas uma desconhecida. E quando estava tudo arrumado, lembrei que ainda faltava coisas. Voltei e comecei a abrir armários na cozinha e não parava de sair coisas. E ainda tinha que tomar um banho, porque já estava ficando com sovaco. Hahaha, nem sei o que pensar sobre a minha acumulação de cacarecos na vida, pois num desses sonhos em que mudava desta casa, quando já estava tudo feito, lembrei de um pequeno detalhe—ainda falta o BASEMENT!! E entrei em pânico.