east of the sun [west of the moon]
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Meu último dia no campus da UC Davis foi muito emocional. Saí de lá com uma sensação de tristeza que se dissipou assim que cheguei no meu novo prédio. Senti como se estivesse começando do zero num novo emprego, embora continuarei trabalhando com as mesmas pessoas e com o acréscimo de outras 140. Fiquei com a impressão de que vou ser muito feliz no meu novo ambiente de trabalho, mesmo tendo que abrir mão de algumas coisinhas, como privacidade. Mas o meu novo prédio e meus novos colegas de trabalho são o fino da Bossa. Muita gente positiva, social e divertida que vão abafar a presença de nuvens negras como Troglô e Ogra. Também gostei muitíssimo do meu novo supervisor, que já está programado para começar a trabalhar em duas semanas.
Quando a mudança corporativa seguiu do campus para o novo prédio nos arredores da cidade eu fiz telecommute de casa. Gostei da experiência de passar um dia trabalhando na minha cozinha. O único problema foi me concentrar com gato colado em mim o dia todo.
Meu grupo [IT] chegou no prédio novo uns dias antes dos outros grupos e eu tive tempo de bater muita perna pelo lugar ainda vazio. Agora saio para ir ao banheiro ou pegar algo na cozinha e encontro conhecidos, troco olás, bato um papinho. Está tudo diferente e eu estou gostando! Sem falar que a um quarteirão do meu prédio tem uma thrift store e ja comprei um quadrinho—decoração nova para o novo e espaçoso cubo!
Meu caminho pro trabalho também mudou. Dirijo por estradinhas vicinais onde campos imensos estão sendo preparados para o próximo plantio e perus selvagens estão ciscando. Depois entro na cidade, que está absolutamente linda com o outono, e vejo bandos de crianças indo pra escola de bicicleta. Estou muito feliz!
Hoje fomos no nosso velho prédio no campus para terminar de jogar tranqueiras fora, reciclar, desempoeirar, deixar o lugar mais ou menos ajeitado, eteceterá. Daí chega gente com aquele papo melancólico de saudades e eu—FODA-SE! Não quero saber de ficar olhando pra trás de nada nessa vida. Bola pra frente. Porque mudanças são sempre pra melhor. Muito melhor!
guess who’s back in town
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10:38 AM—acho que o meu dia vai ser uma surpresa. o almoço pelo menos vai.
11:50 AM—a surprise today in my kitchen ❤️
1:39 PM—gentê, mas que surpresa que eu tive hoje! \o/
Eu achava que meu marido já tinha se superado na arte de me surpreender, mas desta vez foi praticamente um complô pra me deixar com aquela cara de patza. No sábado eu estava falando com o Gabriel pelo facetime, vendo ele caminhar no que eu pensei ser a fazenda da prima Luiza em Bernardino de Campos, Brasil. A campainha tocou, fui abrir a porta porque sabia que era a Sarah, pedi pra ele esperar e ouvi—okay, conversamos daqui a pouco. Abri a porta e vi a Sarah segurando um bouquet de flores e o Gabriel logo atrás dela!
Existe surpresa maior do que você ter o seu filho na sua porta, em carne e osso, depois de quatro meses viajando pela América do Sul? Nem lembro o que eu falei naquele momento, mas vou me lembrar sempre como me senti, tão feliz que nem chorei!
pingos de mel
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Poucos assuntos do mundo atual me interessam, admito. E ando obcecada com muitas coisas que ninguém se importa. Tenho esse hábito adquirido de sempre que posso encaroçar em thrift ou antique stores. Neste momento meu radar está calibrado para encontrar lenços e echarpes antigas. Ainda continuo olhando broches. E olho sempre os casacos, os vestidos e as saias. Além dos pratos, copos, xícaras, bules, bandejas.
A mulher ao meu lado ficou toda pimpona porque alguém comentou que ela parecia a amiga e não a mãe da filha. Eu não tinha nem reparado nelas, mas depois que olhei saquei que a diferença de idade era bem grande, se eram mesmo mãe e filha estava na cara. Quando ela falou toda orgulhosa que tinha acabado de fazer cinquenta anos e a filha tinha vinte e cinco, fui tomada por um misto de tristeza e desespero. Porque eu sou mais velha que ela e meu filho é mais velho que a filha dela e apesar de escutar muito esse papo de—oh, não acredito que seu filho tem tantos anos—quando olhei pra ela pensei putaqueopariu tô mesmo velha!
Nunca troquei tantos convercês com o meu filho, que está neste momento num sabátical pela América do Sul. Está sendo bem legal acompanhar virtualmente, embora em carater bem limitado, uma viagem que vai significar muito pra ele e pro que ele vai ser e fazer com o futuro dele.
Mais cinco semanas no campus e mudaremos para um predio novo, tudo moderno, tudo ergonômico, tudo high tech. Estou muito animada. Não, estou realmente SUPER animada. Mas não posso exagerar nas manifestações do meu entusiasmo porque nem todos estão nesta mesma onda.
Outono, seja bem-vindo seu lindo.
every day is a good day for bad hair day
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malaca ogra—seu feriado foi bom?
eu—sim.
malaca ogra—fez churrasco?
eu—não.
#fimdaconversa
Tenho preguiça de escrever, assumo, não nego, escreverei quando puder e/ou reciclarei frases usadas de micro-blog. Só sinto que isso e uma pena, pois gostaria de usar esse espaço para registro do meu [tedioso] cotidiano para referências futuras. No ritmo que anda essa ideia, as menções serão bem breves.
Com cinquenta anos acordo com espinhas no rosto. Nem queira saber, nem te conto, os hormônios dessa idade. Por isso baixei o termostato da sala onde trabalho em dois graus e instalei um ventilador portátil na minha mesa. Logo vamos ter uma tal velha de xale reclamando que tá muito frio, se bem que essa criatura feiogra não tem mais voz no nosso escritório.
Uma das coisas mais constrangedoras de se presenciar é um homem ser perguntado, mas não querer dizer a idade dele na sua frente. Passei um dia inteiro rindo por conta disso. Já marcaram a data da nossa mudança de prédio [e saida do campus] no meu trabalho. Vai ter gente tendo ataques de desespero. Not me. Quem já mudou de país três vezes, não vai temer uma mudança de prédio. Please bitches!
Eu até que entendo gente de 38 anos se achando velha, porque eu também me achava velha aos 38. Só que eu tinha todas as razões do mundo. Uma delas porque aos 38 minhas amigas estavam grávidas e tendo bebes e o meu filho tinha acabado de sair de casa pra morar com a namorada. Fiquei velha muito jovem.
Bebi vinho verde na última semana do verāo.
[ cabin fever ]
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Verão, acho que você já deu. Faça o favor de ir se retirando. Quando eu começo a cansar até de comer tomates, é porque o calor já se estendeu por demais. Porque a diferença entre 40 e 30 graus é vida normal. Te apressa então, pois quero ver a paisagem mudar.
a dream that you wish will come true
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Andei muito nas últimas semanas pela minha vizinhança com a cachorra Boo. Na calçada de uma casa na minha rua, vi a frase escrita com letra cursiva e tinta dourada.
can’t find the words
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Depois de três semanas hospedada na nossa casa e praticamente dominando e monopolizando a nossa rotina, a cachorra Boo Meringue se despediu e embarcou com sua adorável dona numa viagem interestadual. Enquanto conversávamos na cozinha, a cachorra colocou a cabeça na perna do Uriel e ficou ali um tempo, depois colocou a cabeça na minha perna e ficou mais um tempo. Foi a despedida mais fofa e amorosa que já experienciei na vida . E nunca vou me esquecer disso, Miss Boo.
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[Os gatos, por outro lado, celebraram a partida da cachorra com muita champagne borbulhante e confete. Nem posso recriminá-los.]