Amigo, mantenha-se sempre visível
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Com o final do ano se aprochegando, começam a pipocar aquelas famosas brincadeiras de amigo invisível ou secreto ou oculto. Pra mim esse troço de sortear alguém para te dar um presente secreto é sinônimo de furada. Nunca—e quando digo nunca, é NUNCA mesmo—participei de uma dessas brincadeiras onde eu não tenha acabado com uma cara de tacho e com muita raiva. Sempre ganhei presente lixo. E olha que participei dessa lorota muitas vezes em diversas fases da minha vida e com diferentes grupos. Nunca dei sorte. Então concluí que aquilo não era pra mim e decidi cascar fora forevis. Infelizmente, ainda tive uma última péssima experiencia. Numa evidente recaída fui convencida a participar mais uma vez e entrei de gaiata, recebendo finalmente a lição que precisava e merecia. Pois errar uma vez é humano, duas vezes é até perdoável, mas mais do que isso é assinar o atestado de burrice. E eu assinei. Preparei uma caixa com material de pintura e outras mil coisas legais, pensando na alegria da amiga ao receber o presente e enviei pelo correio, Califórnia—Brasil. Recebi o meu presente por e-mail. Um POEMA feito com as letras do meu nome. Nem preciso dizer que chorei, né? De raiva. E aprendi a lição que a vida me ensinou. Hoje fujo correndo desse negócio. Amigo, se quiser me presentear, fique a vontade. Mas não quero nem espero nenhuma surpresa. E pra quem vier com o argumento que o que vale a intenção, que não é pelo presente material, que o legal é a brincadeira, só tenho uma coisa pra dizer: não sei o que é pior, ser hipócrita ou ser otário.