diga-me o que escutas…

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Minhas rádios no Pandora, que eu ouço o dia inteiro:
Bob Dylan
Neil Young
Robert Johnson
Nina Simone
Mae West
Early Blues
Fred Astaire
Lou Reed
David Bowie
Beatles
Pode parecer a lista de uma bitolada musical. Mas dentro dessas rádios, a diversidade é gigantesca, cada uma se ramificando em muitas outras— posso começar ouvindo Dylan e acabo com Nirvana ou The Clash. Bacana.

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cottage circle

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“Our house, is a very, very, very fine house
with two cats in the yard”
   Graham Nash
Minha casa é o melhor lugar do mundo. Tenho sempre uma leve sensação de melancolia quando saio dela, pra trabalhar, pra passear ou pra viajar. Gosto de chegar em casa, de permanecer ali. Quando chego do trabalho—a melhor hora do dia. Quando chego de viagens, ou do supermercado e compras e começo a arrumar tudo no lugar. Gosto de ficar no quintal ou na cadeira de balanço do meu quarto, ou na poltrona cor de chocolate que fica num canto sossegado da sala. Gosto da cozinha, onde passo a maior parte do tempo. Adoro a minha cama, onde deito encostada em montes de almofadas e vejo e revejo meus filmes favoritos e leio meus livros, que me enchem de idéias e ajudam a alimentar meu estômago e minha alma. Numa viagem, saindo de casa de madrugada, olhei para a casa enquanto o carro se afastava e pensei que ali era o meu lugar no mundo, do qual eu iria sentir falta. Naquela hora a luz da lua colocou a casa numa moldura de tranquilidade que eu sei que não poderei encontrar em nenhum outro lugar. Minha casa não é só paredes, teto, portas, janelas e todas as coisas materiais que ela hospeda. Minha casa é minha segurança, meu chão, minha serenidade. Hoje vi meu vizinho, que é um professor super ocupado que vive ausente viajando pelo mundo, fazendo coisas na garagem enquanto eu pedalava de volta para o trabalho. Invejei poder ficar também, gastando a tarde pra fazer coisas, pra casa, na casa, em casa.

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o peixe morre pela boca

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Dá uma exaustão ficar ouvindo gente que só quer falar, e quase sempre de si. É imprescindível contar, da morte da bezerra, das viagens na maionese, das compras, das façanhas, e até os detalhes do curriculo de pessoas que você nem conhece. E na hora de ouvir, um olhar distraído revela-se e um bocejo brota, espremido sem muita sutileza entre os lábios de um incômodo sorriso.

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o meu voto

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Ontem foi dia de eleição aqui no condado de Yolo, onde fica Davis. Eu saí do trabalho e fui votar. Ajudei a eleger três vereadores, juiz e um outro cargo que não sei como traduzir, além de duas propostas de lei que estavam na lista. É muito fácil votar aqui, você chega, dá seu nome, assina, pega o seu papelete—o meu é para democrata, vota, pega um selinho dizendo eu votei! e tchau. Como o voto aqui é facultativo, quem vota realmente faz uma diferença. Um dos fiscais do local de votação me disse obrigado por votar, porque essa é uma atividade cívica que se faz porque se quer fazer. Eu me sinto muito feliz por poder participar do processo político na cidade, no estado e no pais onde vivo.
Ontem eu mudei de canal na tevê para poder ouvir o discurso do candidato democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama. Eu não sou uma pessoa envolvida com política, mas o meu voto já era dele mesmo antes de eu poder votar neste país. Estou realmente entusiasmada com as eleições de novembro. Poder participar desse processo todo é incrível. Porque meu voto vai ajudar a eleger o próximo presidente desta nação, que é onde está o meu futuro e eu desejo que ele seja o melhor!

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também aqui

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Roux & o maço de manjericão

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high pitch

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Eu trabalho com duas pessoas com vozes altíssimas. Quando eles vem falar comigo, que felizmente não é um acontecimento frequente, minhas respostas e comentários desaparecem no meio da gritaria involuntária. Todo mundo escuta o que eles têm pra me dizer,o que muitas vezes não é assunto que interessa à todos. Eu nunca tinha convivido com gente de voz tão alta antes. Sou casada com o homem com a voz mais suave do planeta. E eu tenho uma voz razoavelmente baixa. Eu e o Uriel conversando não levantamos suspeitas, ninguém nem nota. Quando ele me telefona eu preciso pedir pra ele falar mais alto. E em restaurantes, ele sempre recebe coisas que não pediu ou não recebe o que pediu, porque ele fala realmente baixo e pra dentro, além de ser um pouquinho confuso nesses casos de escolher o que pedir em restaurante, tvamos admitir.
Numa das minhas caminhadas pelo campus passei por uma duplinha conversando numa esquina. Ela magrinha, ruivinha, bem bonitinha, parecendo que saiu de um episódio dos Waltons. Ele alto a bem moreno, com um chapéu enorme mal ajambrado numa cabeça maior ainda. A risada abafada dele ao fundo era o único indício de que ele participava do diálogo, que estava totalmente dominado pela voz ardida da ruivinha. Que voz alta! E ela falava como uma metralhadora giratória.
Se eu tivesse que conviver com uma voz alta e estar sempre exposta à uma matraca sopraníssimo, não sei como iria ser.

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o passado não condena